sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ando com síndrome de Peter Pan, não gosto nem um pouco dessa vida cheia de responsabilidade e obrigações. Detesto não poder retrucar e dizer tudo aquilo que penso. 


Why, Lord?! Why?

[...]

Refletindo sobre tudo, cheguei a conclusão de que ninguém realmente liga para os sentimentos dos outros, ou o que pode ocorrer com esse alguém quando por puro capricho, a pessoa atrasa sua vida. Estava revoltada com a falta de humanidade nesses animais que se auto denominam "seres humanos". Então, como sempre, fui surpreendida ao encontrar meu primo no metrô e no meio da conversa ele solta a seguinte frase: "Não gosto do local onde vocês moram, é feio. Eu fico preocupado com vocês ali, de verdade."

Não soube o que responder, pois estava convicta que ninguém além de minha mãe se importava comigo.

No dia seguinte descobri que um amigo que estudou comigo seis anos seguidos faleceu. A morte dele foi, no mínimo, ridícula e poderia ter sido evitada. Ele era o menino que sempre me ouvia ler trechos de Harry Potter e a Câmara Secreta nas aulas vagas; não era do tipo que fazia amizades rápido, porque nunca abria a boca para falar nada, mas bastava sentar ao lado dele e puxar papo que ele se mostrava ser um ótimo amigo.

Tão humilde e responsável, casou com a menina com quem namorou nos últimos dois anos do ensino médio. Sim, não tinha idade para ser chamado de homem ainda, mas foi o suficiente para assumir o amor que sentia por ela.
Foi um casamento simples no civil e a festa no quintal de casa. Ele não tinha absolutamente nada para oferecer a ninguém, nada além do seu amor e ajuda. E foi assim que ele se foi.

Dia 11/11/2013 ele saiu de casa para doar comida aos necessitados e escorregou na escadaria da Sé, teve uma convulsão e parada cardíaca. Se a merda do SAMU tivesse chego a tempo, ele ainda estaria entre nós.

Isso me abalou de tal forma, que não consigo pensar em mais nada além de que somos insignificantes demais.

Insignificante para a sociedade.
Insignificante para o amigo que não é real.
Insignificante para a pessoa que lhe atropela na rua, ou até mesmo, quem diria, para entrar no trem.
Insignificante!


INSIGNIFICANTE! 


É o que nós somos.


Não gosto dessa vida adulta. É preocupação atrás de preocupação!

Será que terei dinheiro para tal coisa? Será que posso dormir até mais tarde? Será que posso responder dessa forma? Será que ele gosta de mim? Será que se eu arriscar, vou ganhar? Será que vai dar tempo?

SERÁ?

Por que não posso voltar ao: "Mãe, me dá isso?", "Mãe, não quero ir pra escola, tô com febre. Posso ficar em casa?"; "Ô, mãããe!" ?

Não gosto de ser gente grande.

Ninguém mereça viver nesse mundo de patifes.


3 comentários:

  1. Acho que ainda gosto do ursinho Pooh exatamente por ele conseguir criar essa mesma utopia, onde as pessoas se importam umas com as outras.

    Meus sentimentos pelo seu amigo.

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  2. Ainda não sei o que dizer sobre esse post... sinto muito pelo seu amigo.

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