sexta-feira, 10 de outubro de 2014

So, let's try... Once again!

Esses dias de "descanso" me deram muito tempo para pensar, não que eu não tivesse tempo para isso nas intermináveis horas monitorando os candidatos enquanto eles faziam prova nos últimos três meses, mas é diferente quando estamos sozinhos em um quarto parecendo um bebê que acabou de descobri que tem mãos e, vejam só, cinco dedos em cada mão! Sozinhos descobrimos muito sobre nós mesmos, é também o momento em que percebemos que somos seres defeituosos e sozinhos.

Eu entendi que tenho vivido muito rápido coisas que eu deveria ter vivido há anos atrás, mas devido ao tiro que um dia atravessou meu destino, não pude vivê-los. Comecemos pelos meus últimos relacionamentos. 

O primeiro durou quase dois anos, mas em nenhum momento eu o amei realmente, no final, descobri que eu entrei nessa para poder mudar meu status no facebook e poder reclamar com as meninas na cantina da faculdade sobre como ele fazia coisas que me irritavam, se elas podiam me dar uma dica de como super e tudo mais. Na real, eu fiquei dois anos da minha vida com uma pessoa por medo de dizer "Basta!" e ter que recomeçar tudo de novo com outra pessoa. Isso não soa meio familiar?

O segundo foi bem intenso, durou pouquinho, veio com força me tirando o chão e me deixando maluca em apenas segundos. Mas foi embora da mesma maneira que veio. Não sei se cheguei a ter o mesmo efeito na vida dele, ou se deixei algum rastro e talvez eu nunca saiba se consegui chegar perto de seu coração. Agradeço por tudo, realmente, as coisas não são como queremos e talvez exista um bom motivo para isso. Se você ler o meu blog, saiba que você foi o estopim para o que está prestes a acontecer na minha vida, acho que tudo o que aconteceu conosco me deu forças para pular de cabeça nessa e descobrir o que há de novo lá fora, o que o destino reserva para mim. Afinal, não conhecemos ninguém por acaso, o destino sempre interfere, não é? 

Mudemos de tópico, vamos para trabalho (o que é quase um relacionamento, mas com muuuuito mais gente envolvida...!).


O primeiro durou um ano e quatro meses, foi duro, terrível em alguns momentos, lidar com pessoas é relativamente fácil quando comparamos a ter que lidar com o ego delas! Viram literalmente monstros. Só que percebi, em meio a essa selva, pessoas muito boas e que realmente querem o nosso bem, mesmo quando você é como eu, que não consegue guardar as coisas para si e adora colocar tudo em debate. Aprendi que é neste exato momento que você descobre quem realmente vale a pena manter ao seu lado.


O segundo durou tão pouco quanto o segundo relacionamento, mas foi tranquilo, benéfico e inspirador. Doeu muito dizer adeus e confesso ter saído daquele prédio com uma imensa vontade de dar meio volta, sentar no sofazinho da recepção e espernear caso alguém quisesse me tirar de lá. Tive a sorte de conhecer pessoas maravilhosas que me ensinaram coisas que eu nem imaginava que poderia aprender naquele ambiente. Descobri também que nunca sabemos a história das pessoas, mesmo que elas pareçam tenentes de um exército no Iraque, vale muito à pena pagar um café para ela e bater um papo. Como podemos nos surpreender...

Percebe? As coisas começam de um jeito, de repente, pisco os olhos e tudo mudou, está mais intenso, melhor até e, de novo, tudo acabou e preciso começar rápido e ... só me resta o vazio da lembrança. Tenho a sensação de estar no mar e ser "engolida" por uma onda forte, daquelas que empurram para baixo e eu demoro três segundos para descobrir para que lado nadar e conseguir respirar. Quando finalmente consigo preencher meus pulmões com ar puro, vem outra onda e me arrasta de novo para baixo, me fazendo rodopiar no meio do nada apenas para me confundir e me obrigar a tomar decisões rápidas, coisa de vida ou morte, um segundo de dúvida pode me manter lá embaixo para sempre.

Então eu disse à alguém sobre tudo isso e perguntei: "Você vê esse precipício pelo qual passamos todos os dias e fingimos não notar? Você também escuta o eco das vozes quando apaga a luz antes de dormir? Não te arrepia pensar que talvez eles estejam certos? [...] Sabe, acho que um dia eu vou pular lá embaixo para descobrir". E esse alguém simplesmente me empurrou precipício abaixo.





Cá estou, ouvindo "Medicine" sem chorar (acreditem!) e pensando em quanto tempo falta até esse último loopin acabar. Me sinto perdida, porque simplesmente não sei se devo me sentir arrasada por estar desistindo de absolutamente TUDO o que construi aqui ou se devo me sentir orgulhosa por estar dando um passo grande, aceitando todos os ensinamentos que me fizeram amadurecer de uma maneira que eu não esperava até ter, no mínimo, trinta anos.

Lembro que a minha adorada Magistra me disse logo após a apresentação de TCC que sentia muito orgulho de mim, que eu era uma heroína, mas ah, quem me dera saber o que ela acha dessa minha loucura! Será que eu estaria apta a dividir o mesmo campo de batalha que Ulisses?

Outro mestre que sempre me deixou de queixo caído certo dia disse que a literatura ensinava os truques da vida, e hoje eu discordo. Acho que ela não ensina nada, só mostra as armadilhas, temos que descobrir como passar por elas sozinhos, à nossa maneira. E definitivamente não dá para superar rapidamente um amor fracassado, mesmo porque não caí outro cinco minutos depois de uma árvore, como costuma acontecer nos romances (e isso é um saco, acho que nesse ponto a vida podia literalmente copiar a arte).


Um dos meus escritores favoritos disse: "There are far better things ahead than any we leave behind" - C.S. Lewis


E meu amado Joseph Campbell completa: "You must give up the life you planned in order to have the life that is waiting for you".

Dito isso, eu oficialmente desisto.


Não quero mais entender nada, não vou deixar de sonhar, mas desisto de tentar conquistar aquilo que não é para mim, pelo menos, não hoje, não agora. Ah, sim, eu sei que um dia realizarei todos os meus devaneios e descobrirei os porquês que me assombram toda santa noite, sei que àqueles que desejam algo de coração, sem a intenção de prejudicar ninguém, sempre conseguem. Os sonhadores não tem muito espaço nesse mundo, mas vai dar tudo certo.

Às vezes penso que essa sensação de impotência, de não saber exatamente o que sentir e como agir, é a mesma sensação que uma borboleta tem antes de finalmente sair do casulo e voar livremente por aí.

Ou estou apenas delirando? Como saber...?