terça-feira, 27 de novembro de 2012

The Green Mile




Ei de confessar algo: Toda vez que assisto ao filme "À Espera de Um Milagre" eu choro como um bebê desesperado. Esse é o tipo de filme que eu nunca me canso de assistir, creio que este filme é um lembrete de como há maldade no mundo, mas, por sorte, há bondade também (mesmo que raramente).

O mês de setembro foi o mês desse filme nos canais HBO, fiz questão de assistir a quase todas as vezes em que passou (salvo as exibições de madrugada [06h00 a.m.]) e fiquei intrigada de como seria a história no livro. Sempre soube que os filmes não conseguem superar os livros, mesmo que sejam bons, os livros são sempre melhores. Pois bem, ganhei o livro do meu irmão. O livro começa com uma breve explicação do ilustríssimo Stephen King, explicando o porquê decidiu escrever essa história em seis partes e como escolheu o nome do personagem principal. Comecei a ler e, para a minha surpresa, o filme é praticamente o livro completo. Com exceção dos cortes, como por exemplo, como a esposa de Paul Edgecombe e seus incríveis amigos de trabalho faleceram. O fato do enfermeiro do asilo ser extremamente parecido com Percy Wetmore e o detalhe de que no filme, Paul narra a história para sua amiga Elaine, no entanto, no livro ele escreve diversas páginas contando o que lhe aconteceu. A volta do sr. Guizos (ou Jingles) é diferente no livro como também o modo como Paul descobre a inocência de John Coffey. Há também um ou duas adaptações, mas são pequenos detalhes que não chegam a ser aquele tipo de mudança escrota que vemos em diversos filmes hoje em dia.

O que me faz amar um livro é a forma como ele me hipnotiza, existem aqueles livros que você simplesmente não consegue parar de ler! Sempre pensando: "Quando terminar esse capítulo, eu vou dormir". Mas, "Poxa! O próximo capítulo deve ser bom e é curtinho, posso ler ele também". Então, "Nossa! Eu preciso terminar de ler isso agora!!!" E quando me dou conta, já passa das 03h00 da manhã.

Foi assim com "À Espera de Um Milagre", farei outra confissão: Não chorei lendo o livro. Concluí que me emociono muito mais com o filme pois vejo o sofrimento no rosto de cada personagem, no livro, quando você o está engolindo, fica difícil absorver toda a descrição e ficar emotiva a ponto de chorar, talvez, quando o ler pela segunda vez eu chore. Não sei.

Entretanto, mesmo sabendo o que aconteceria e em que ordem, não pude deixar de mais uma vez ficar pensativa com a essência da história. Alguns pontos me fizeram parar de ler e refletir por um ou dois minutos, como por exemplo: "Sorrindo para mim. Não gostando de mim. Talvez até me odiando. E por quê? Não sei. Às vezes não há um porquê. Essa é a parte assustadora." (p. 243)

Realmente, às vezes alguém não gosta de você porque simplesmente não foi com a sua cara e, eu sei que não sou só eu, todos nós já olhamos para alguém e a detestamos sabe-se Deus lá o porquê. Não há como negar isso, se você não admitir, você estará sendo hipócrita. Mas, isso significa que somos péssimas pessoas? Talvez não, se dermos a chance dessa pessoa nos mostrar o quanto estávamos errados e nos fazer ficar encabulados pela forma ridícula com que a julgamos.

Outro ponto, e esse é mais profundo, foi o seguinte: "Passou-se a primeira manhã, e a primeira tarde, depois o primeiro turno de volta ao trabalho. O tempo cuida de tudo, quer se queira ou não. O tempo cuida de tudo, o tempo carrega tudo e no fim tudo que existe é a escuridão. Às vezes encontramos outras pessoas nessa escuridão e às vezes as perdemos lá novamente. Isso é tudo que sei [...]" (p. 474)

Bom, metade eu compreendi e metade eu não entendi. O que seria a escuridão? A maldade do mundo em que vivemos ou a depressão, doença e tudo o que nos causa dor? Acredito que o significado mude de pessoa para pessoa, afinal, cada pessoa é um mundo, não é mesmo? Mas isso me perturbou um pouco, talvez um dia eu entenda e escreva algo sobre. No momento, deixo a questão no ar, um dia eu volto para analisá-la com calma.

Voltando ao livro, o que sempre me perturbou, mesmo no filme, é a mensagem de que nós sempre julgamos pela aparência. Basta parecer e ter todos os indícios de ser aquilo que queríamos que fosse, que nem nos damos ao trabalho de ir a fundo e descobrir os detalhes. É ou não é verdade? É sim.

Isso me assusta um pouco, não que eu acredite que um dia eu vá me deparar com um milagre de Deus e que eu o vá julgar como fizeram na história, mas isso me deixa desconfortável, afinal, eu tenho a mania de olhar para as pessoas e tirar conclusões precipitadas. 

O que estou tentando dizer é que esse livro mexe muito comigo, me faz parar para pensar constantemente em como o mundo é, como o mundo se relaciona, como a maldade impera  a ponto de nos cegar. No livro Paul questiona o porquê Deus, se é que ele existe, deixa essas coisas acontecerem? Como ele podia deixar o milagre Dele sofrer tudo isso. Ele mesmo responde quando pensa em John Coffey pregado em uma cruz, como se fosse Jesus. Deus tem seus meios de alertar a humanidade, de mostrar que estão caminhando cada vez mais pelo caminho errado, mas poucos entendem Seu recado. Poucos aceitam o salvador.

Ao final do livro Paul está com 104 anos e diz que essa é a sua "maldição" por ter matado o milagre de Deus. Eu concordo, não é à toa que existe aquele ditado: "Os bons morrem jovens". Ninguém merece fazer "horário extra" nesse mundo, não precisa procurar muito para ver a maldade e injustiça, por exemplo, estamos em novembro de 2012 e mais de 100 pessoas morreram por pura maldade de facções criminosas do estado de São Paulo.

Eu poderia continuar escrevendo por horas e horas, mas acho que nunca chegarei a uma determinada conclusão sobre este livro, ou conseguirei exemplificar com fatos que ocorrem no dia-a-dia, sempre vou mudar de ideia, pois aos poucos eu entendo mais o que o Stephen King quis dizer com essa história que tanto me toca. Peço desculpas a quem se deu ao trabalho de ler, sei que me empolguei, mas quis compartilhar o efeito que esta história exerce sobre mim. Acredito que não seja apenas comigo.

Pois é mais do que mergulhar na história, é viver ela, tenho tantos exemplos reais do que é ilustrado no romance que a história se torna fascinante e, ao mesmo tempo, assustadora. 
Recomendo que leiam "À Espera de Um Milagre" ao menos uma vez na vida. É sempre bom levar um "choque" de realidade, um chacoalhão que nos faça parar e pensar nos pequenos atos e pensamentos que temos todos os dias. Como também é bom lembrar que a fé (e isso se aplica a qualquer religião) lhe traz paz, sabedoria e calmaria.

Encerro com um salmo que uma amiga uma vez me enviou por sms, num dia em que o desespero tomava conta de mim: "Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida." Salmo 23.6


Concluo que essa é a deixa para acreditar e esperar sim um milagre.



sábado, 24 de novembro de 2012

Trabalho de Conclusão...


Passei um ano desenvolvendo este Trabalho de Graduação Interdisciplinar, seis meses apenas pensando. Creio que mudei o tema mais de quatro vezes.

A verdade é que eu só me empenhei a fazer esse trabalho faltando um mês para a entrega, nada melhor do que trabalhar sob pressão. Apenas o desespero me fazia ler os livros teóricos em vez de ficar lendo Game of Thrones.

No entanto, nada foi mais desesperador do que descobrir que a data da entrega não era dia 26 de novembro e sim dia 21 de novembro. Parece que não, mas cinco dias fazem a diferença em um trabalho.

Quatro noites sem dormir, diversas garrafas de coca-cola, inúmeras mensagem de desespero para as amigas e, finalmente, um trabalho concluído e enviado para a orientadora.

E a sensação de vazio chegou. Não é como todos dizem: "Quando você terminar, vai se sentir mais leve, livre!". Mentira, isso é momentâneo. A única coisa que senti foi um vazio no peito, pois esse trabalho não é apenas o último passo para o diploma, ele é o fim de uma época maravilhosa, uma época que ainda significa ter metade das responsabilidades.

Não sou grande fã de mudanças, principalmente quando se trata de deixar um ambiente ao qual estou acostumada viver, para um ambiente em que eu não tenho noção de como sobreviver.

Agora eu tenho que me jogar na vida, procurar um emprego, me sustentar, começar a pensar em crescer financeiramente pois meus pais não irão mais me sustentar, afinal, já sou uma adulta. Será? Não que estes objetivos sejam um desejo genuíno, mas é o que a sociedade espera de alguém que acabou de se formar.

Então, como desenvolvi longamente no meu TGI, o "herói aceita o chamado da jornada". Sortudo é aquele que retorna com o triunfo, a "medalha" que irá provar ao mundo que ele é capaz de ser um herói.

Mas, e se eu fracassar? E se eu não conseguir ser o que todos esperam? Será que conseguirei surpreender a todos?

Não adianta argumentar: "Mas você não tem que pensar nos outros, você tem que pensar em você.". Outra mentira. Se a sua volta existem pessoas que o querem bem e acreditam em você, no mínimo você deve se esforçar para agradá-los.

Entretanto, ainda me resta uma defesa de tese e o mês de dezembro antes de embarcar nessa jornada. Sorte? Sei lá.