quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Para qual time você torce?

Diariamente entro na arena para combater meu inimigo, ser que me sufoca, me assusta, me controla. Ao adentrar nesse espaço reservado perversamente para o sofrimento alheio, o vejo pelo canto dos olhos correndo em minha direção para desferir o primeiro golpe; sem chance alguma de me defender, tento levantar a cada golpe que levo na face lavada de lágrimas, sangue e suor. Mas a cada impacto em meu rosto minha força se esvai, e sem controle algum sobre meu corpo, cambaleio até o canto da arena e peço tempo. Um minuto, uma vida.

Respiro fundo, ofegante, encaro-lhe a face e vejo apenas obssessão e desejo. Tremo a cada olhada, mas engulo em seco e volto para a luta.

Ele não pode ganhar, não agora.

Ao fim do dia, exausta, peço arrego e volto para casa. Apenas para descansar e refletir sobre a última disputa, me perguntando: "Qual será o dia em que ele finalmente irá me derrotar? Quanto tempo falta?". Ouço seus passos atrás de mim e sei que, apesar de ter concordado que eu deixasse a arena, ele não permitirá que eu fique sozinha por muito tempo.

Não posso cair na tentação de pegar àquele livro sobre a estante, está repleto de suas mentiras; a àgua no copo tem cianureto dissolvido na calada da noite, com a esperança de que eu beba despercebida e acabe morrendo por suas mãos. Nada a minha volta é seguro, muito menos eu.

Descanso minha cabeça no travesseiro e sinto seus braços me envolverem muito antes que o sono me pegue, e ouço seus sussuros que me confundem e me fazem acreditar em toda a ilusória fantasia que ele proprõe. Sinto minha força e minha vontade se recusando a me obedecer a cada manhã que levanto e me preparo para um novo combate, elas sempre caem na armadilha dele.

Espero que essa rotina em breve acabe e que o vencedor trate seu prêmio da melhor maneira possível.

Mas, no final das contas, o que me atormenta todos os dias é o fato de eu não saber de qual lado realmente estou.


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