quinta-feira, 12 de março de 2015

Somewhere over the rainbow ♪


Há alguns dias fui à praia de Maroubra para encontrar com um amigo, naquele dia, decidimos que não iríamos sentar na areia e decidimos andar em volta da praia até chegarmos às pedras que ficam do lado esquerdo da praia.

No momento em que pisei no rochedo, me senti em um lugar completamente diferente, um lugar onde poucos poderiam me encontrar e quase nada poderia me perturbar. Enquanto caminhava, pensei que não poderia haver lugar mais assustador ou mais deslumbrante do que aquele. O rochedo possuía algumas frestas que nos mostravam claramente o oceano lá em baixo.

Sentamos para observar o mar que estava violento, meu amigo sugeriu que a turbulência era causada pelo primeiro dia de lua cheia do mês. Eu sugeri que o mar não dependia da lua para enlouquecer e assim, discutimos por alguns minutos os possíveis motivos da mudança marítima. Ele é russo, então é uma pessoa muito realista, não gosta de pensar em possibilidades, ele gosta de fatos; enquanto eu, sou completamente o oposto, gosto de possibilidades, os fatos não me bastam.

Ficamos quase quarenta minutos só observando o mar, ele parecia furioso. As ondas iam e vinham cada vez mais fortes, como uma pessoa que inspira e expira o ar tentando se controlar mas, no final, perde o controle e parte para cima com toda a fúria e força possíveis. Quando as ondas se elevavam à altura de nossos olhos, era impossível não sentir um frio na barriga e pensar: "Ferrou!", mas ríamos cada vez que a água batia violentamente na pedra abaixo e respingava água em nós. Quem nos via pensava que tínhamos ido à praia para um mergulho casual com roupa e tudo! Foi gostoso.

Depois de um tempo, cada vez que as ondas quebravam na rocha abaixo e respingava água para o alto, aparecia um singelo e tímido arco-íris. Fiquei completamente sem ar quando vi. Tentei me recordar da última vez que tinha visto um, mas fazia tanto tempo que não consegui lembrar. Confesso que me segurei para não chorar de emoção, por mais difícil que pareçam as situações pelas quais passamos, ainda podemos nos maravilhar com coisas simples, que veem de graça e só para àqueles que se dão ao luxo de apreciar e buscar esse tipo de dádiva. 

Meu amigo viu que eu estava emocionada e me pediu para olhar um pouco mais adiante, e prestar atenção quando as ondas estão se elevando e começam a tomar forma antes de quebrar contra as pedras. Por tudo o que é mais sagrado, eu juro que meu coração parou quando meus olhos viram que, quando a água transparente se eleva e começa a tomar a forma arredondada de uma onda com a borda branca de espuma salgada, nesse exato momento, nos três míseros segundos que essa transformação leva, é possível ver arco-íris entre a água transparente e a espuma. Não consigo e nem devo tentar explicar mais, isso é uma dádiva que só quem tem o privilégio de um dia presenciar vai entender.

Foi, sem sombra de dúvidas, a coisa mais linda que vi desde que cheguei em Sydney e não vejo a hora de poder voltar ao mesmo lugar e presenciar novamente tal espetáculo. Tentei registrar tal momento, mas é muita pretensão minha pensar que poderia ter tamanho poder, mas, fica a tentativa do registro.





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