sábado, 26 de outubro de 2013

How do you run away from things that are in your head?

Encontrei em meio as árvores uma casa simples, com paredes cor de pêssego e uma única porta branca, e seu interior era composto por duas escadas que ligavam os andares da residência.

No primeiro andar não havia nada além de um banheiro e algumas caixas esquecidas no canto. Ao subir os degraus da primeira escada, notei que o segundo andar era dividido em duas partes, caminhei para a esquerda e encontrei uma sala composta por dois sofás e uma mesa de centro sobre um tapete escuro, em cima de uma mesinha de canto, uma TV desligada refletia os gestos de quem ali adentrava. Voltei atrás, em direção à direita, e entrei em uma cozinha pequena, limpa e organizada; havia duas portas de vidro que dava acesso a um pequeno jardim no qual não havia flores, mas pés de legumes.

Retrocedi mais uma vez e subi a segunda escada, que continha mais degraus e uma curva. Ela me conduziu há dois quartos e um banheiro. Um dos aposentos estava vazio, não possuía nada, somente uma janela. O segundo mostrava indícios de que alguém ali vivia, pois a cama no centro fora desarrumada recentemente; não havia nada que me interessasse ali.

Desci a escada correndo e vi, parado no último degrau da primeira escada, um senhor com uma camisa azul clara, não posso explicar, mas soube que ele não era o dono da casa. Ele usava jeans, seu cabelo era grisalho e sua barbara era grande, como se há algum tempo ele esquecera que tinha uma para cuidar. Olhei seu rosto cheio de rugas, e em seus olhos eu vi um misto de tristeza, decepção e pesar; ele estava ali, imóvel sem levantar um único dedo contra mim, apenas me encarava. Não o temi, mas entrei na cozinha e fechei a porta, pois não queria sentir aquele olhar sobre mim; contei dez minutos no relógio e abri a porta, ele sumira, então desci correndo os degraus para trancar a porta de entrada. Surpresa e, dessa vez, com frio na barriga, vi que lá estava ele de novo, com o mesmo olhar só que dessa vez senti que ele queria dizer algo a mim. Fechei e tranquei a porta com força, subi novamente vinte e um degraus para chegar ao andar de cima.

Acordei no quarto do terceiro andar, naquela cama desarrumada. Estava escuro e tudo o que eu podia ouvir era o canto dos passarinhos me convidando para levantar e ver o céu nublado que o dia trouxera. 




Não consigo parar de pensar no que ele queria me dizer.

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