domingo, 17 de novembro de 2013

Are you living your dream?

"Sleeping is nice. You forget about everything for a little while".

Inúmeros sonhadores caminham solitariamente pelas ruas do mundo inteiro, um trilhão de mundos dentro de um mundo só; não é surpresa alguma que este mundo não foi feito para viver, estamos aqui apenas para sobreviver. Viver é algo muito além.

Que mágico seria acordar e encontrar a janela forrada de flocos de neve, levantar e perceber que o mundo é aquele que mentalizo todos os dias antes de dormir. Como seria delicioso viver em uma casa na qual os portões fossem médios, daqueles que permitem que uma pessoa se debruce sobre ele e aprecie o movimento da rua ou as crianças que ali brincam. Seria excelente viver em um lugar onde não precisaria temer até mesmo o vizinho.

Sinto dizer que vejo a vida passar. 

Um velho sábio disse uma vez: "Não vale a pena viver sonhando, e se esquecer de viver". Obviamente o mundo dele era melhor do que o meu, o mundo dentro da minha cabeça é muito mais interessante.

Uma vez eu disse que não iria mais pedir nada ao universo, porque ele tem os ouvidos apurados e não tarda a realizar os desejos que a ele são solicitados. Mas, se eu desejar algo muito bom, será que ele me atende?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ando com síndrome de Peter Pan, não gosto nem um pouco dessa vida cheia de responsabilidade e obrigações. Detesto não poder retrucar e dizer tudo aquilo que penso. 


Why, Lord?! Why?

[...]

Refletindo sobre tudo, cheguei a conclusão de que ninguém realmente liga para os sentimentos dos outros, ou o que pode ocorrer com esse alguém quando por puro capricho, a pessoa atrasa sua vida. Estava revoltada com a falta de humanidade nesses animais que se auto denominam "seres humanos". Então, como sempre, fui surpreendida ao encontrar meu primo no metrô e no meio da conversa ele solta a seguinte frase: "Não gosto do local onde vocês moram, é feio. Eu fico preocupado com vocês ali, de verdade."

Não soube o que responder, pois estava convicta que ninguém além de minha mãe se importava comigo.

No dia seguinte descobri que um amigo que estudou comigo seis anos seguidos faleceu. A morte dele foi, no mínimo, ridícula e poderia ter sido evitada. Ele era o menino que sempre me ouvia ler trechos de Harry Potter e a Câmara Secreta nas aulas vagas; não era do tipo que fazia amizades rápido, porque nunca abria a boca para falar nada, mas bastava sentar ao lado dele e puxar papo que ele se mostrava ser um ótimo amigo.

Tão humilde e responsável, casou com a menina com quem namorou nos últimos dois anos do ensino médio. Sim, não tinha idade para ser chamado de homem ainda, mas foi o suficiente para assumir o amor que sentia por ela.
Foi um casamento simples no civil e a festa no quintal de casa. Ele não tinha absolutamente nada para oferecer a ninguém, nada além do seu amor e ajuda. E foi assim que ele se foi.

Dia 11/11/2013 ele saiu de casa para doar comida aos necessitados e escorregou na escadaria da Sé, teve uma convulsão e parada cardíaca. Se a merda do SAMU tivesse chego a tempo, ele ainda estaria entre nós.

Isso me abalou de tal forma, que não consigo pensar em mais nada além de que somos insignificantes demais.

Insignificante para a sociedade.
Insignificante para o amigo que não é real.
Insignificante para a pessoa que lhe atropela na rua, ou até mesmo, quem diria, para entrar no trem.
Insignificante!


INSIGNIFICANTE! 


É o que nós somos.


Não gosto dessa vida adulta. É preocupação atrás de preocupação!

Será que terei dinheiro para tal coisa? Será que posso dormir até mais tarde? Será que posso responder dessa forma? Será que ele gosta de mim? Será que se eu arriscar, vou ganhar? Será que vai dar tempo?

SERÁ?

Por que não posso voltar ao: "Mãe, me dá isso?", "Mãe, não quero ir pra escola, tô com febre. Posso ficar em casa?"; "Ô, mãããe!" ?

Não gosto de ser gente grande.

Ninguém mereça viver nesse mundo de patifes.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Aviso importante!

Sonhei que encontrei um caderno, suas páginas eram pretas com finas e quase invísiveis linhas cinzas. Abri-o ao meio e vi a imagem de um quarto de hotel, virei a página e encontrei uma sacada linda que permitia que eu visse, na página seguinte, um pôr do sol magnífico e sua imagem refletida no lago abaixo, no qual um barco flutuava causando ondulações na calma água a sua volta.
Voltei para a página do quarto e percebi que era o local onde uma amiga estaria em breve e, por incrível e bizarro que pareça, eu só queria dizer-lhe para trancar a porta, não queria que ela ficasse sozinha em outro país sem trancar a porta!
Acordei e, assim que fiquei lúcida o suficiente para lhe mandar um sms, lhe desejei boa viagem e lhe avisei sobre a porta do quarto.

Espero que você tenha seguido o meu conselho, viu?

Hasta!

domingo, 10 de novembro de 2013

Dicionário particular

Acordo às 05:30hs a.m., deslizo o dedo na tela do celular para calar-lhe a boca; me viro na cama e abro os olhos tentando acostumar minha visão à escuridão. Levanto. Durante uma hora inteira eu me preparo para mais um dia.

Saio de casa e rezo para que Deus me dê o privilégio de ter minha família a salvo, e que mais um dia se passe da melhor maneira possível. Normalmente nesse tempo eu ando olhando para o céu, apenas para ter a certeza de que Ele me escuta e que Sua presença é absoluta em todo lugar. Após alguns minutos coloco o fone de ouvido e me retiro para meu mundo particular; tenho 4 gigas de músicas, a maioria não escuto, mas as deixo lá pois sei que vez ou outra preciso delas para me lembrar de que tudo foi real.

Não ouço mais Raul Seixas ou Johnny Rivers, não consigo ouvir "Do you wanna dance" no MP4 porque não parece ser a mesma música que anunciava sua chegada para a rua inteira ouvir, fazendo minha mãe pular do sofá para abrir o portão para que o chevette cinza adentrasse. Não quero saber de ouvir "Tente outra vez", pois hoje em dia me pergunto se ele ouvia essa música porque gostava de Raul ou porque precisava dela para ganhar um pouquinho de força para levantar no dia seguinte e viver. Às vezes dou risada quando lembro que num domingo ele disse: "Filha, aumenta o som porque a próxima música dedicarei à sua mãe.", fiz o que me pediu e ele começou a cantar alto: "É pena, que você pense que eu sou seu escravo. Dizendo que eu sou seu marido e não posso partir... Opa, desculpa, bem! Eu achei que era outra música. Eu te amo!". É ÓBVIO que ele sabia qual era a música, afinal, ele ouvia o mesmo CD todos os dias... Ele adorava irritar o "bem" dele. Lembro que ele dizia: "Suade, me dá um caderno e uma caneta, senta ali na frente do rádio e vai apertando pause quando eu mandar. Vou anotar essa letra porque ainda não sei cantar inteira.", a bendita era "Ouro de Tolo". Foi por causa dele que entendi o sentido de "Trem das sete" e que aprendi a amar a música "Sapato 36".

Se alguém colocar tais músicas eu escuto numa boa mas, eu, sozinha, não consigo escutá-las; tento de vez enquanto, mas só chego na metade e vou para outra pasta de músicas.

Doze anos e ainda fico imaginando se um dia conseguirei me casar sem ter um ataque de choro por ter que entrar com o meu irmão e não com ele.

Com o tempo nos acostumamos com a sua ausência, e cada dia que passa lembramos menos de cada detalhe. Sinto muito pelo meu irmão mais novo que perdeu o pai com quatro anos, e hoje fica só ouvindo as lembranças que ele não teve a oportunidade de construir. Sinto pela minha mãe que ficou viúva com trinta e dois anos de idade e teve que se virar na vida para cuidar da casa e três filhos. Sinto muito por não tê-lo conosco.


Existem tantas coisas que me magoam, que me desmotivam, mas tudo é superável. Tudo passa com o tempo, menos a falta que ele faz. A cada ano que passa, o abismo que se abriu no dia em que ele se foi cresce mais e mais, fazendo com que eu me pergunte se tudo foi real ou se foi um sonho maravilhoso.
Só posso concluir que Deus me deu a benção de viver com uma pessoa extremamente maravilhosa, mesmo que por pouco tempo, e devo ser grata por isso. 


Tive a honra de ser filha de um homem maravilhoso, de um homem que se fez lembrar por todo o sempre. Até hoje amigos da família quando me conhece ou aos meus irmãos, nos olham e falam: "Vocês são filhos do Nossaim? Eu sinto falta dele até hoje [...]" e contam suas histórias emocionados. Quantas vezes essa cena se repetiu ao longo dos anos? Tudo isso só me dá mais orgulho de ser filha de quem sou.

Busco diariamente ser uma pessoa a qual ele encheria o peito e com aquele sorriso lindo no rosto diria de boca cheia: "Ela é minha filha!". 
Espero que, onde quer que esteja, eu o orgulhe de alguma forma.

Pode ser que a vida me tire mais alguma pessoa, mas por enquanto, nada, nem a maldade das pessoas me entristece mais do que a perda dele.

A vocês, que pediram para que eu escrevesse sobre a tristeza, no meu dicionário pessoal, é esse o significado de tal sentimento.




sábado, 9 de novembro de 2013

Algum tempo atrás.

Na praça de alimentação.

Flávia: Não vou comer isso, não.
Suade: A Flávia aperta a pizza e sai óleo.
Higor: Mas, você tem que degustar!
Flávia: Eu vou morrer de colesterol. "Jovem morre de emoção vendo 'Soberano'".

[...]

Suade: Na plaquinha estava escrito "Refresco".
Higor: Esses dias eu tomei suco de amendoim com leite.
Flávia: Nossa, é uma paçoca!
Suade: hahahahaha
Higor: Suco de amendoim com essa pizza é morte na certa.

[...]

Higor: Esse cinema é muito bonito, lembra o ambiente de Harry Potter.
Flávia e Suade: *um minuto de silêncio*
Higor: Me deixa sonhar!




É... Sobrevivemos. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mais uma vez...


   Lá estava eu, em uma rodinha de amigos esperando meu ônibus chegar, quando me dei conta de que, das cinco pessoas que ali estavam, quatro tinham corações feridos. A primeira há tempos vem tentando reconstruir seu coração, e acho que está no caminho certo, é a mais próspera ao meu ver; a segunda é quase um lobisomem, que sofre com as fases da lua (o problema é que sua lua muda todos os dias); a terceira, eu nem imaginava quem era ela, também estava ferida; e eu, que apesar de ter aceitado, ainda sofro com o calafrio da insegurança.
   Cheguei em casa e curti a maior fossa que podia, regada a muito chocolate e música melosa do tipo: “como posso amar se não confio em ninguém?” ou “não tenho você, mas te amarei para sempre”, esse tipinho. Não ouço tais músicas pensando em alguém específico, tento imaginar o ser que um dia irá me tirar dessa constante lamentação, o que é triste, pois até hoje não consegui fixar um "amor imaginário". Nessas horas eu sempre me imagino como uma drogada que sabe quais são as consequências, mas não se importa. Recebo a droga e a abraço como uma velha amiga para no dia seguinte, acordar com a cabeça latejando, olhos inchados e com toda a hipocrisia do mundo olho para espelho e pergunto: “por que fiz isso de novo?”, e sem piedade o reflexo responde: “porque você quis”. 

   Saí de casa no mesmo horário de sempre e o céu me recebeu com gotas grossas e ofensivas, o dia estava horroroso. Tive a sorte de pegar um ônibus vazio, o que me permitiu sentar na janela e olhar com absoluto desprezo aquele céu desanimador. Passados dez minutos, notei que lá no “fundo” as nuvens eram claras em meio ao um infinito azul, olhei novamente para o lado e vi que as nuvens negras permaneciam no mesmo lugar, estapeando os vidros do ônibus com suas gotas atrevidas.
   Já devo ter visto isso antes, mas hoje fiquei maravilhada como uma única coisa pode ter duas faces tão distintas. Me dei conta que esse era o reflexo do meu estado de espírito. Aos poucos as nuvens negras ganharam leves toques de um amarelo brilhante, quase dourado; imaginei que o Sol viera (com uma hora de atraso) tomar seu lugar de direito. O trajeto entre a minha casa e o metrô é de mais ou menos quarenta minutos, nesse tempo vi o Sol se rebelar e dominar cada nuvem negra, transformando uma por uma em um algodão branquinho.
   Não tive vontade de sorrir ao ver tudo isso, confesso que apesar da beleza, essa cena só me deu a certeza de que um dia eu voltarei ao normal, que irei olhar alguém e deseja-lo com todo o meu coração e poderei olhar em seus olhos e confiar que amor e paixão realmente existem. Não creio que acontecerá em breve.

Enquanto isso, espero pacientemente o meu próprio Sol nascer.

   Não acredito na ira de Deus contra aqueles que seguem seu coração, não me deixo intimidar pelas “mãos de um Deus irritado”, pois acredito que Suas mãos sejam o sono que me envolve quando mais preciso, e que Ele tem algo muito bom para mim. Só me pergunto quanto tempo terei que esperar para receber tal graça. Vejo minhas amigas que mereciam ter um amor e ainda não o tem, mais uma vez, por que eu seria a exceção?
   Fico no aguardo do meu Sol [...] de que parte do mundo ele virá?