sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei ♪

Possuo uma visão embaçada, pois a mancha que ficou em meus óculos não faço questão de tirar. A cada passo que dou sinto uma leve dor na barriga, como se uma mão a apertasse com a força necessária para eu me contorcer e rir do doce carinho que recebi e flutuo, como se o chão de concreto não fosse nada mais que um macio colchão sob meus pés. Ouço ao longe uma risada alta e gostosa, que ecoa em meus ouvidos vinte e quatro horas por dia. 

Vejo alguém com cabelos louros ralinhos, e ao encontrar meu olhar uma ruguinha aparece entre seus olhos, mas logo passa e seu rosto se desanuvia, um sorriso toma conta de seus lábios me tirando todo o ar. Fico hipnotizada de tal maneira que tudo o que eu desejo, hoje, é me entregar a tudo isso. Não me importo com o que vou descobrir amanhã, mas o que sinto hoje, o que desejo hoje, é me permitir essas sensações gostosas. 

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, o tempo parece uma eternidade
!




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Tremenda Pressão Mental

Não há motivo, razão ou explicação plausível para aquele momento em que você acorda com uma vontade absurda de chorar ou de cometer um homícidio hediondo. 

Quantas vezes tento descansar a cabeça no travesseiro e "apagar"? Não há argumentos que convençam o cérebro inconveniente a parar de trabalhar incessantemente. Sou educada, peço com carinho: "Por favor, por favor! Fica quietinho, amanhã nos falamos.", mas não adianta.

Meu pior inimigo sou eu mesma, tenho extrema dificuldade em controlar meus pensamentos e quanto mais eu tento, mais eu perco.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Do I love you, or the thought of you? ♫

Vejo sua sombra virar à direita na esquina, o observo de longe se aproximando dos distraídos e inocentes, rio baixo. Por vezes percebo sua presença através de um sorriso torto ou numa risada súbita de alguém no transporte público. Por quê você não chega mais perto? Sua presença é constante, mas dificilmente me cumprimenta. Muitas vezes apenas me olha de canto e continua por seu caminho sem me dar mais do que três segundos de atenção. Por quê?

O vejo andar pelas ruas, desviar de poças d'água, do lixo urbano e até mesmo de pessoas; às vezes o vejo pegar o transporte público e se exibir para toda a população sem o mínimo escrúpulo. Alguns dias é discreto, caminha furtivamente pela sombra noturna de um dia extremamente quente e se esconde na fenda pequena que se abriu num muro próximo.

Penso todos os dias como seria se eu simplesmente corresse ao seu encontro, lhe tomasse pela mão e o guiasse direto aos meus mais profundos sonhos. Eu lhe mostraria meus medos, minhas metas, meu mundo e tudo o que você me pedisse. Tal pensamento me faz sorrir, mas não por muito tempo. Apesar do ser humano por natureza ter a memória fraca, a minha demora mas não tarda. Você já me traiu. Por que o quero de volta?

Lembro da última vez, você foi embora sem ao menos explicar o porque me deixou; jurei nunca mais te querer e me pego pensando diariamente em você. Quase vinte e quatro horas por dia, como um viciado que não consegue focar o pensamento em nada além do seu objeto de prazer. Nada importa a não ser pegar aquela seringa e injetar a droga na veia e sentir seu doce veneno se espalhar pelo corpo. Obviamente que no dia seguinte a culpa é enorme e tudo o que se pode fazer é tentar pensar e focar em algo diferente.

Será que durante esse tempo em que fiquei longe, você decidiu que em breve voltará para mim?

Todos os dias ao fechar os olhos idealizo a sua mudança, afinal, você não pode ser o mesmo. Não teria como, uma vez que impus a sua mudança.

Eu quero o novo! Preciso descobrir como e de que forma você se regenerou.

Às vezes me pego pensando num futuro no qual sua presença será indispensável, e que o efeito dela sobre a minha vida será absolutamente positivo. No entanto, observando as pessoas ao meu redor, vejo que você ainda tem um dedinho podre, gosta de ser malandro e puxar o tapete dos avoados. Você não se contenta nunca! Será que você é uma doença? Uma virose daquelas que prende as pessoas em casa pois não têm força suficiente para levantar o braço. Ou, talvez, você seja o comprimido que a mãe dá ao filho doente e diz: "Tome isso, já já a febre vai passar." 

Eu nunca sei de que lado você está, e isso me mata! 

Não creio que serei capaz de um dia parar de escrever sobre seus atos, ou que poderei me livrar de você. Suas ações já foram a minha praga e a minha felicidade. Cada lembrança foi tatuada com violência em minha carne, a ponto de sangrar a cada agulhada que tomei.

Mas sou sádica, gosto desse sofrimento, quero senti-lo de novo, quero viver! E preciso de você.

Não demore, pois não aguento mais idealizar a minha vida ao seu lado. Mesmo que eu floreie e enfeite ela mais do que deveria, preciso que você venha me amar ou me destruir o quanto antes.

Não demore.

Com amor, 
[...]

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Uma conversa qualquer.

Ele: Acho que você só pode se apaixonar por ele se ele continuar bem com você. Se ele continuar bem, pronto!

Ela: Mas desde quando você escolhe se vai se apaixonar? Tá maluco?

Ele: risos - Minha psicóloga. É só deixar as coisas acontecerem.

Ela: Essa mulher está te enganando.

Ele: Ela não está. Eu já me engano sozinho.


domingo, 26 de janeiro de 2014

Máquina do tempo.


Certa vez um querido professor repreendeu a sala por sempre usar as palavras "Claramente/Certamente/Com certeza" em suas respostas com relação à literatura. Segundo ele, nunca podemos ter a certeza de nada, uma vez que o texto é lançado no mundo, ele deixa de ser do autor e passa a adquirir diversos significados para cada um que o lê. Por isso nunca podemos dizer tais palavras.

Mas como isso não é literatura, eu arrisco dessa vez e digo que tenho certeza de que você, que está perdendo tempo lendo este texto, já imaginou como seria a vida se os geniais cientistas que passam suas vidas em busca de novas descobertas, finalmente descobrissem uma maneira de inventar uma máquina ou objeto que pudesse lhe levar aos melhores tempos de sua vida.

Quem não adoraria voltar para a infância onde nada era obrigatório além de tomar banho, e a única preocupação necessária era se teria alguém para brincar durante o dia?

Sempre quis voltar há algum momento passado, aqueles que fizeram com que meu rosto quase rasgasse de tanto sorrir, mas nunca desejei realmente revivê-los. Me contento com as lembranças, e eis que descobri a minha própria máquina do tempo.

Deitada na cama resolvi parar de ouvir um pouco Nightwish e migrar para qualquer outra pasta. Cliquei em "Japanese" e a cada três, quatro minutos eu lembrava de uma algum momento perdido lá de 2008. Ouvi cada música envolvida em lembranças e saudade daquele tempo. 

Depois migrei para a pasta "Shakira", e comecei a lembrar de todos os meus amores fracassados e como as músicas dela me ajudaram a superar cada desencanto e sair andando pela casa cantarolando "Bruta, ciega, sordomuda, torpe, traste y testaruda, es todo lo que he sido por ti me he convertido!!!" ou praticamente gritando a plenos pulmões "Sí Te Vas".

A pastinha "American" é a mais nostálgica! Dentre todos os artistas os que se destacam mais por me fazer relembrar àquela época de ouro de 2001 são as músicas do N'Sync e do Offspring. "Bye, bye, bye" é um clássico da minha vida, o que me faz lembrar do Rock in Rio em que eles vieram se apresentar e justamente neste dia, meu pai resolveu colocar meu irmão e eu de castigo sem TV ou rádio porque estávamos fazendo alguma macaquisse que o incomodou. Chorei a noite toda. 

"Pretty fly (for a white guy)" me lembra das tardes gastas na rua jogando taco, vôlei ou apenas conversando naquele verão. Um dos meus amigos se chama James, e no refrão dessa música quando a mulher canta com uma voz de quem quer dar "Give to me, baby!" nós cantávamos: "James comeu Baby!"  Ele ficava puto, mas achava engraçado também.

Que saudade!!! 

A pasta "Arabic" me lembra da época em que meu avó era vivo e vinha todos os dias tomar café com a minha mãe, então, para agradá-lo, eu saia um pouco do rock e colocava músicas árabes para vê-lo se balançando de um lado para o outro com um sorriso sereno no rosto. Acho que ele lembrava do Líbano, terra que ele tanto amava e sonhava um dia levar a família toda para lá.

Tenho uma pasta com músicas "Brasileiras", ela é composta com músicas do CPM 22, Djavan, Legião Urbana, Falamansa, César Menotti e Fabiano, entre outros. Não tenho vergonha em dizer que escuto todas e que cada uma me lembra da época do colegial, época em que aprendi a aceitar as pessoas como elas são e com os gostos diferentes do meu. Ouço cada uma em homenagem a tudo o que vivi com eles no meu querido E.E.P.A.M.

A pasta "French" me lembra uma época de agonia e desespero. Desespero pois eu era a única na faculdade que não tinha capacidade suficiente para aprender Francês. Culpa da Madame Jorge e da fofa Raquel.
Na agonia para tentar ao menos pronunciar algo, eu ouvia muita música francesa para me acostumar com o idioma; após quatro anos, só me sobrou as músicas e a lembrança de uma turma queridíssima, pois o idioma nunca chegou a  sequer sentar do meu lado.

Uma vez eu viajei para Lins, uma cidade que fica há oito horas de transporte terrestre daqui de São Paulo. No ônibus uma amiga me perguntou se eu gostava de música Celta, eu respondi que nunca tinha ouvido e naquele momento, ela me viciou na banda Gràda. Excelente! Tanto que ela ganhou uma pasta exclusiva no meu MP4.

Quando perdi meu pai, eu fiquei um tanto quanto revoltada, com nada na verdade, pois eu podia ser incoerente com um motivo aparente, mas que não justificava nada. Então, eu resolvi virar roqueira.
Ouvia muito Iron Maiden, Metallica, Angra, Kiss, Kansas, Linkin Park, Whitesnake e AC/DC. Bandas e músicas que me marcaram de tal maneira que, mesmo com um sangue que pede músicas dançantes, latinas, agitadas, orientais e cheias de ritmo e batuques, meu sangue também pede baixo, guitarra e bateria extremamente altos, do tipo que te faz querer andar por aí destruindo tudo e remexendo os cabelos como um louco qualquer.

Ah, o Rock! [...] Sempre volto para ele, cedo ou tarde.

E, por último, tenho a pastinha nomeada "Hinos", que contém o hino do São Paulo F.C., da Sociedade Esportiva Palmeiras (porque é o hino mais lindo do mundo, e porque meu pai era o maior palmeirense do Brasil!), o hino do Santos e o hino do Real Madrid (Hala Madrid!!!). Essa pasta nada mais é do que um lembrete de que eu tenho um amor que não posso largar, apesar do tempo escasso e da raiva mortal que cada jogo pode me proporcionar, eu não posso viver sem assistir aos jogos dos meus times (São Paulo e Real Madrid).


Todas essas pastas e músicas representam uma parte de mim, uma época vivida e querida, um pedacinho de mim que apenas eu conheço. Isso representa a diversidade que busco viver, pois acho um desperdício viver sem conhecer outras culturas, novas pessoas, novos ritmos. Acho injusto com os artistas e consigo mesmo não se permitir ouvir outros gêneros musicais.

A música é a arte que lhe permite sentir um milhão de emoções sem ao menos sair de casa; não é à toa que todo mundo anda por aí com fone de ouvidos. Nós precisamos da música para nos acalmar, para conseguirmos reunir o mínimo de força possível para enfrentar o mundo injusto ao qual pertencemos.

Viva à música! E viva à diversidade! 

Salve a minha máquina do tempo.




O meu eu mágico

Alguns dias parece que o mundo não gosta de você, tudo o que você se atrever a tentar vai dar errado. Esses dias sempre me enchem de melancolia e auto-piedade, fico deitada na cama ouvindo músicas depressivas e pensando: "Por quê, Deus? O que eu fiz de errado?".

Hoje foi um dia típico de "everybody hates Suade", então me joguei na cama com um saco generoso de M&Ms de amendoim e uma caneca cheia de coca-cola. Quis ler alguma coisa depressiva e peguei um livro com contos românticos, vai que minha mãe entra no quarto e estou chorando? Posso dizer que o livro me emocionou.

Ao virar a terceira página eu deixei uma marca laranja nela, pois o chocolate derreteu manchando meu dedo e, sem notar nada, marquei a página do livro novinho. Na hora pensei que isso era muito típico, pois não há livro em minha estante sem marcas de comida. Seja de molho de tomate, farelo de bolacha, manchas de chocolates, entre outros.

Parei de ler e fiquei pensando em tudo o que eu sempre faço com os livros, mesmo que inconscientemente, e listei algumas. Aqui vai...

1º - Sempre como lendo livros, principalmente se minha mãe faz carne com batatas, eu encho um pote só com molho e batata e vou ler. Bolacha e chocolate também sempre me acompanham, e claro, uma xícara de chá! Embora eu nunca tenha derrubado nada liquido neles, ufa!

2º - Entro em crise quando o verão chega, pois não consigo ler no calor. Para mim é impossível prestar atenção em algo porque fico muito irritada. Talvez um dia eu consiga diagnosticar esse problema dignamente. A questão é que, apesar disso, não consigo sair de casa sem um livro na bolsa.

3º - Quando compro livros pokets, tipo da L&PM, eu TENHO que encapá-los com papel contact. Entro em pânico se estiverem sem proteção, pois acho que as capas são mais sensíveis do que a de livros comuns.

4º - Nunca paro no meio de um capítulo, acho indigno e absurdo parar no meio de um sendo que a pausa verdadeiramente permitida chegará em poucas páginas.

5º - Se compro um livro, a primeira coisa que faço é carimbá-lo com o meu carimbo de biblioteca pessoal (desculpa, sociedade), e guardá-lo em um saquinho para não pegar pó na estante. 


Pensando bem, será que sofro de TOC?

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Para qual time você torce?

Diariamente entro na arena para combater meu inimigo, ser que me sufoca, me assusta, me controla. Ao adentrar nesse espaço reservado perversamente para o sofrimento alheio, o vejo pelo canto dos olhos correndo em minha direção para desferir o primeiro golpe; sem chance alguma de me defender, tento levantar a cada golpe que levo na face lavada de lágrimas, sangue e suor. Mas a cada impacto em meu rosto minha força se esvai, e sem controle algum sobre meu corpo, cambaleio até o canto da arena e peço tempo. Um minuto, uma vida.

Respiro fundo, ofegante, encaro-lhe a face e vejo apenas obssessão e desejo. Tremo a cada olhada, mas engulo em seco e volto para a luta.

Ele não pode ganhar, não agora.

Ao fim do dia, exausta, peço arrego e volto para casa. Apenas para descansar e refletir sobre a última disputa, me perguntando: "Qual será o dia em que ele finalmente irá me derrotar? Quanto tempo falta?". Ouço seus passos atrás de mim e sei que, apesar de ter concordado que eu deixasse a arena, ele não permitirá que eu fique sozinha por muito tempo.

Não posso cair na tentação de pegar àquele livro sobre a estante, está repleto de suas mentiras; a àgua no copo tem cianureto dissolvido na calada da noite, com a esperança de que eu beba despercebida e acabe morrendo por suas mãos. Nada a minha volta é seguro, muito menos eu.

Descanso minha cabeça no travesseiro e sinto seus braços me envolverem muito antes que o sono me pegue, e ouço seus sussuros que me confundem e me fazem acreditar em toda a ilusória fantasia que ele proprõe. Sinto minha força e minha vontade se recusando a me obedecer a cada manhã que levanto e me preparo para um novo combate, elas sempre caem na armadilha dele.

Espero que essa rotina em breve acabe e que o vencedor trate seu prêmio da melhor maneira possível.

Mas, no final das contas, o que me atormenta todos os dias é o fato de eu não saber de qual lado realmente estou.