quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Do I love you, or the thought of you? ♫

Vejo sua sombra virar à direita na esquina, o observo de longe se aproximando dos distraídos e inocentes, rio baixo. Por vezes percebo sua presença através de um sorriso torto ou numa risada súbita de alguém no transporte público. Por quê você não chega mais perto? Sua presença é constante, mas dificilmente me cumprimenta. Muitas vezes apenas me olha de canto e continua por seu caminho sem me dar mais do que três segundos de atenção. Por quê?

O vejo andar pelas ruas, desviar de poças d'água, do lixo urbano e até mesmo de pessoas; às vezes o vejo pegar o transporte público e se exibir para toda a população sem o mínimo escrúpulo. Alguns dias é discreto, caminha furtivamente pela sombra noturna de um dia extremamente quente e se esconde na fenda pequena que se abriu num muro próximo.

Penso todos os dias como seria se eu simplesmente corresse ao seu encontro, lhe tomasse pela mão e o guiasse direto aos meus mais profundos sonhos. Eu lhe mostraria meus medos, minhas metas, meu mundo e tudo o que você me pedisse. Tal pensamento me faz sorrir, mas não por muito tempo. Apesar do ser humano por natureza ter a memória fraca, a minha demora mas não tarda. Você já me traiu. Por que o quero de volta?

Lembro da última vez, você foi embora sem ao menos explicar o porque me deixou; jurei nunca mais te querer e me pego pensando diariamente em você. Quase vinte e quatro horas por dia, como um viciado que não consegue focar o pensamento em nada além do seu objeto de prazer. Nada importa a não ser pegar aquela seringa e injetar a droga na veia e sentir seu doce veneno se espalhar pelo corpo. Obviamente que no dia seguinte a culpa é enorme e tudo o que se pode fazer é tentar pensar e focar em algo diferente.

Será que durante esse tempo em que fiquei longe, você decidiu que em breve voltará para mim?

Todos os dias ao fechar os olhos idealizo a sua mudança, afinal, você não pode ser o mesmo. Não teria como, uma vez que impus a sua mudança.

Eu quero o novo! Preciso descobrir como e de que forma você se regenerou.

Às vezes me pego pensando num futuro no qual sua presença será indispensável, e que o efeito dela sobre a minha vida será absolutamente positivo. No entanto, observando as pessoas ao meu redor, vejo que você ainda tem um dedinho podre, gosta de ser malandro e puxar o tapete dos avoados. Você não se contenta nunca! Será que você é uma doença? Uma virose daquelas que prende as pessoas em casa pois não têm força suficiente para levantar o braço. Ou, talvez, você seja o comprimido que a mãe dá ao filho doente e diz: "Tome isso, já já a febre vai passar." 

Eu nunca sei de que lado você está, e isso me mata! 

Não creio que serei capaz de um dia parar de escrever sobre seus atos, ou que poderei me livrar de você. Suas ações já foram a minha praga e a minha felicidade. Cada lembrança foi tatuada com violência em minha carne, a ponto de sangrar a cada agulhada que tomei.

Mas sou sádica, gosto desse sofrimento, quero senti-lo de novo, quero viver! E preciso de você.

Não demore, pois não aguento mais idealizar a minha vida ao seu lado. Mesmo que eu floreie e enfeite ela mais do que deveria, preciso que você venha me amar ou me destruir o quanto antes.

Não demore.

Com amor, 
[...]

3 comentários:

  1. Viu, como o que eu disse no outro comentário era verdade? Eu adorei o texto, principalmente, porque parece que você lê pensamentos. Segunda ou terça, não lembro, comecei a escrever um texto muito parecido, pelo menos, o tema é o mesmo.

    Ficou lindo e é bem assim. Eu, cada vez mais, estou observando o amor que vejo a cada esquina, em cada pessoa. Você passou todo o seu sentimento para esse texto.

    Incrível, Su. =')

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  2. Su, que agonia e que relação de amor e ódio com o amor, heim!?

    Nada mais legítimo que idealizá-lo. A vida é permeada por ideais que criamos e muitos deles não têm uma forma, apesar de parecer um paradoxo. Como desejar um ideal sem rosto? e acho que é o maior de todos eles (ideais): desejar para si aquilo que não se conhece. Aquilo que talvez seja inatingível, pois se não o conhecemos, como saber que ele finalmente chegou? lindo, lindo texto! Muito verdadeiro. Amei.

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