Diariamente entro na arena para combater meu inimigo, ser que me sufoca, me assusta, me controla. Ao adentrar nesse espaço reservado perversamente para o sofrimento alheio, o vejo pelo canto dos olhos correndo em minha direção para desferir o primeiro golpe; sem chance alguma de me defender, tento levantar a cada golpe que levo na face lavada de lágrimas, sangue e suor. Mas a cada impacto em meu rosto minha força se esvai, e sem controle algum sobre meu corpo, cambaleio até o canto da arena e peço tempo. Um minuto, uma vida.
Respiro fundo, ofegante, encaro-lhe a face e vejo apenas obssessão e desejo. Tremo a cada olhada, mas engulo em seco e volto para a luta.
Ele não pode ganhar, não agora.
Ao fim do dia, exausta, peço arrego e volto para casa. Apenas para descansar e refletir sobre a última disputa, me perguntando: "Qual será o dia em que ele finalmente irá me derrotar? Quanto tempo falta?". Ouço seus passos atrás de mim e sei que, apesar de ter concordado que eu deixasse a arena, ele não permitirá que eu fique sozinha por muito tempo.
Não posso cair na tentação de pegar àquele livro sobre a estante, está repleto de suas mentiras; a àgua no copo tem cianureto dissolvido na calada da noite, com a esperança de que eu beba despercebida e acabe morrendo por suas mãos. Nada a minha volta é seguro, muito menos eu.
Descanso minha cabeça no travesseiro e sinto seus braços me envolverem muito antes que o sono me pegue, e ouço seus sussuros que me confundem e me fazem acreditar em toda a ilusória fantasia que ele proprõe. Sinto minha força e minha vontade se recusando a me obedecer a cada manhã que levanto e me preparo para um novo combate, elas sempre caem na armadilha dele.
Espero que essa rotina em breve acabe e que o vencedor trate seu prêmio da melhor maneira possível.
Mas, no final das contas, o que me atormenta todos os dias é o fato de eu não saber de qual lado realmente estou.
O.O
ResponderExcluirPUTA-QUE-PARIU!...
Que texto FODA!!!
Uau!...
O.O²