segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Tem certeza de que os deuses não nos ouvem?

"- Excelente, excelente! Agora, esta outra aqui... sim, minha cara? - interrompeu-se Slughorn, parecendo ligeiramente tonto ao ver a mão de Hermione perfurar mais uma vez o ar.
- É Amortentia!
- De fato. Parece quase tolice perguntar - comentou o professor muito impressionado -, mas presumo que você saiba que efeito produz, não?
- É a poção de amor mais poderosa do mundo! - disse a garota.
[...]
- A Amortentia na realidade não gera amor, é claro; É impossível produzir ou imitar o amor. Não, a poção apenas causa uma forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é a poção mais poderosa e perigosa nesta sala. Ah, sim - confirmou solenemente com a cabeça para Malfoy e Nott, que riam descrentes. - Quando vocês tiverem visto tanto da vida quanto eu, não subestimarão o poder do amor obsessivo..." p. 148 - Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

"Cuidado com o que deseja - advertiu Merlim, olhando fixamente para Uther -, pois os deuses certamente satisfarão seus desejos." p. 51 - As Brumas de Avalon; livro: A Senhora da Magia.

"É por isso que a literatura nos ensina a viver, ela nos mostra os truques da vida." Mestre Camilo, em alguma aula de 2009.


Não posso dizer que a literatura não me avisou. No entanto, qual ser humano em meio ao delírio ouviria tais conselhos?

Eu desejei tanto! Rezei, pedi aos deuses, céu, lua, terra e mar. Prometi mil vezes que mudaria para merecer novamente seu amor, e jurei ser uma pessoa melhor para reconquistá-lo. 

Não fui e nem serei a única pessoa que sofreu por amor, mas, depois que superei (porque acredite, todos nós superamos!) nada mais me restou além de vergonha e mágoa. 
Por amor cheguei a engolir meu orgulho e ir atrás; esperei, desejei e quis todos os dias que tudo voltasse a ser como era antes. Eu não queria entender que o fim era o início de uma nova fase a qual não havia mais espaço para a mesma história.

Que loucura esquecer a si próprio e se dispor a amar incondicionalmente um outro ser! É idiotice achar que há a possibilidade de mudar e ser melhor apenas para satisfazer um capricho egoísta do outro. Somos tão tolos quando amamos... Qual o real sentido de amar? Será que alguém um dia amou de verdade, ou a realidade é que sempre nos apaixonamos? Quem souber, por favor, me conte! Mesmo depois de tudo, ainda não sei qual é a real face desse sentimento tão ambíguo, doce e absurdo!

Não me arrependo de ter tentado, sem isso eu não conseguiria erguer a cabeça e seguir em frente com a simples certeza de que tentei. Lutei e não consegui. Se Aquiles não venceu todas as batalhas, por que eu seria a exceção? Tampouco esquecerei tudo o que vivemos, independente do final, foi muito bom enquanto durou.

Três meses depois, dois após ser resgatada pelo meu herói de mármore, compreendi que jamais mudarei. Posso ser maleável, me adaptar aos gostos do próximo, mas ninguém muda e é aí que mora a beleza de cada um. Além disso, entendi que se uma porta se fechou, uma melhor se abrirá. Ou que tudo não passou de um aprendizado para o futuro próximo.

Me arrependo apenas de ter desejado ardentemente que ele voltasse, porque ele voltou e eu já não o queria. Aceitei meu destino e espero ansiosamente o futuro com caminhos novos.

Não desejava vê-lo da mesma forma que eu fiquei.

De jeito nenhum.

"Cuidado com o que deseja.", essa é a lição que aprendi no momento mais caótico de minha medíocre vida.






sábado, 19 de outubro de 2013

Herói de mármore





Há alguns meses fui arrancada estupidamente do meu conto de fadas, sem nenhuma piedade ou misericórdia.

Tal brutalidade me deixou sem chão ou qualquer noção de realidade. 

É curioso como acabei me envolvendo, não só fisicamente, mas emocionalmente durante este relacionamento. Chega a ser hilário eu ter perdido o controle quando acabou. Irônico mesmo foi engolir tudo o que sempre aconselhei às minhas amigas, pois achava o sofrimento delas descabido, exagerado... "Aqui se faz, aqui se paga", o mesmo cabe às palavras ditas.

Confesso que deixei a angústia e a tristeza me dominarem, magoando todos que me amavam e me queriam bem; ignorei amigos, parentes e colegas de trabalho. Tudo era dor. Respirar era um martírio e pensar era um inferno, chorar era um alívio e dormir era uma dávida concedida pelos deuses ao meu espírito perturbado.

Não me orgulho disso.

[...]

Foi em uma segunda-feira, dia 26 de agosto de 2013, que voltei a realidade. 

Às 19:58hs, parada na plataforma do metrô eu me distrai olhando para as pessoas e pensei: "Não é possível que com tantas pessoas no metrô, o que dirá no mundo inteiro, eu vá ficar sozinha!". Entrei no trem e busquei o lugar mais confortável das paredes para me encostar e continuar a analisar descaradamente cada indivíduo.

Havia alguém diferente, um homem que realmente merecia ser admirado, pois sua beleza era incomparável. Tentarei descrevê-lo dignamente, mas não creio ser capaz de tanto. Ele devia ter 1,90 de altura, cabelos castanhos claros que lhe desciam até a nuca, lisos e perfeitos. Sua estrutura óssea era sublime, bem definida nas maçãs do rosto e um queixo quadrado; a pele sobre aqueles ossos era branca como o mármore e sua boca bem vermelha, como se todo o sangue que deveria circular pelo seu rosto se concentrasse apenas naquelas duas linhas grossas.

Perdi a noção do tempo, sem conseguir me conter fiquei observando e obviamente ele notou, creio ter visto um meio sorriso curvado naquele rosto divino. Desviei o olhar rapidamente, afinal, não queria passar a mensagem errada, eu apenas admirava tal beleza absurda e incrivelmente doce.

De alguma forma ele veio parar na minha frente, pude analisá-lo com mais afinco pois o espaço limitado não me permitia olhar para mais nada e notei que seus olhos eram inocentes e perdidos, como se uma criança espiasse o mundo através do corpo de um adulto. Talvez a beleza dele fosse demais para a sociedade padronista e ele se sentisse acuado.

Vi que suas mãos eram grandes e grossas, com as veias saltadas. Por maravilhosos 30 minutos pude visualizar e gravar sua imagem em minha mente, pois de alguma forma ele me resgatou do profundo abismo no qual eu mergulhava diariamente.

Posso descrevê-lo como o ar que enche meus pulmões após algum tempo submersa embaixo d'água. Durante a semana inteira esperei vê-lo novamente, mas essa sorte não me foi concedida. Com medo de que minha mente fraca me traísse e apagasse tudo de minha memória, anotei o máximo que pude em blocos de notas me xingando mentalmente por ter ficado hipnotizada e esquecido de pegar o celular e registrar com uma foto aquele anjo.

Às vezes me pergunto se ele realmente existe, se foi um devaneio, ou se ele foi um presente de Afrodite para que eu esquecesse tudo e, enfim, voltasse ao mundo real. A única certeza é que, a partir daquele dia, esqueci tudo que me machucava e decidi que prefiro descobrir o que há de novo do que viver a mesma história mais uma vez.

Jogo esse texto na imensidão do mundo digital para agradecer àquele que, sem saber, me salvou de mim mesma. Obrigada.

sexta-feira, 8 de março de 2013

1h12 a.m.

                                           (Imagem tirada de um dos livros da saga de "Gelo e Fogo")


"Me sinto só, mas quem é que nunca se sentiu assim? Procurando um caminho pra seguir, uma direção. Resposta!"

Há quatro anos atrás eu conheci uma pessoa super tranquila por fora, mas agitada por dentro. Enquanto cortávamos frutas na cozinha, essa pessoa comentou que essa guerra interna era resultado do fim do curso universitário. Disse-me que quando o curso acabava nem sempre resultava em portas abertas no mercado de trabalho e que, na maioria das vezes, concluir o curso não significava independência. E ficar perdido sem saber o que fazer era inevitável.

Isso me deixou profundamente triste na época, pois senti pena por essa pessoa, mas não deveria, pois não demoraria muito para que ela encontrasse um jeito de sair dessa agonia.

O que eu não sabia era que isso aconteceria comigo. E hoje eu sei o que é se sentir sozinha e perdida, eu sei como é não acreditar em si mesma. É assustador.

Minha fé me segura e me diz que o que é meu está guardado, esperando o tempo certo. Mas meu psicológico já demonstra sinais de cansaço e descrença. Será que tem algo para mim? Será que mereço alguma coisa?

Talvez não. Pode ser que a culpa seja minha.

Mesmo cercada por pessoas que me amam, há coisas que apenas eu posso resolver, e esse é um dos piores tipos de solidão. Ou seria a velha e dura realidade?

Realmente, esse mundo não foi feito para os sonhadores.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

As vantagens de ser você mesmo.


Normalmente não reparo nas pessoas nos ônibus e metrôs, hoje não foi diferente.

Passei as duas horas rotineiras dentro dos transportes  públicos, nada de anormal até então, porém, ao chegar em determinada estação, enquanto subia as escadas rolantes me dei ao luxo de observar as pessoas que desciam pela escada oposta. Eu vi uma senhora com olhar distante, dois ou três meninos conversando e um homem que descia com um sorvete de limão na mão, claro, não foi o sorvete que me chamou atenção (embora estivesse uns 33º, sem exagero), mas o fato de ele estar saboreando seu sorvete sem ao menos ligar para alguém ou qualquer coisa.

Ele estava lá, descendo as escadas despreocupadamente sem nenhuma intenção de se dar ao trabalho de olhar as pessoas a sua volta, tudo o que importava era o sorvete em sua mão.

Aquilo me fez sorrir e eu me senti feliz, estranho, eu sei. Mas constatar que existe sim pessoas que realmente não ligam para a opinião dos outros ou o que elas pensarão de você, me fez sentir aliviada! Geralmente as pessoas que encontramos pelos metrôs e ônibus da vida estão de caras fechadas, andando rápido demais ou olhando pro chão. Elas encaram todo mundo como se fosse desafiar o primeiro que a olhasse torto para um duelo de vida ou morte.

Acredito que a minha reação a essa cena de no máximo um minuto seja pelo motivo que vem me irritando constantemente nas redes sociais. Muitas pessoas pregam o amor próprio, a independência de ser feliz e aproveitar a vida sem ligar para as reações. Qualé? Até parece que quem prega isso nas redes sociais todo dia realmente é feliz ou não liga para o que as pessoas pensam.

Tenho uma teoria de que quem realmente é feliz e não se importa, simplesmente não precisa afirmar isso nas redes sociais todo santo dia. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

The Green Mile




Ei de confessar algo: Toda vez que assisto ao filme "À Espera de Um Milagre" eu choro como um bebê desesperado. Esse é o tipo de filme que eu nunca me canso de assistir, creio que este filme é um lembrete de como há maldade no mundo, mas, por sorte, há bondade também (mesmo que raramente).

O mês de setembro foi o mês desse filme nos canais HBO, fiz questão de assistir a quase todas as vezes em que passou (salvo as exibições de madrugada [06h00 a.m.]) e fiquei intrigada de como seria a história no livro. Sempre soube que os filmes não conseguem superar os livros, mesmo que sejam bons, os livros são sempre melhores. Pois bem, ganhei o livro do meu irmão. O livro começa com uma breve explicação do ilustríssimo Stephen King, explicando o porquê decidiu escrever essa história em seis partes e como escolheu o nome do personagem principal. Comecei a ler e, para a minha surpresa, o filme é praticamente o livro completo. Com exceção dos cortes, como por exemplo, como a esposa de Paul Edgecombe e seus incríveis amigos de trabalho faleceram. O fato do enfermeiro do asilo ser extremamente parecido com Percy Wetmore e o detalhe de que no filme, Paul narra a história para sua amiga Elaine, no entanto, no livro ele escreve diversas páginas contando o que lhe aconteceu. A volta do sr. Guizos (ou Jingles) é diferente no livro como também o modo como Paul descobre a inocência de John Coffey. Há também um ou duas adaptações, mas são pequenos detalhes que não chegam a ser aquele tipo de mudança escrota que vemos em diversos filmes hoje em dia.

O que me faz amar um livro é a forma como ele me hipnotiza, existem aqueles livros que você simplesmente não consegue parar de ler! Sempre pensando: "Quando terminar esse capítulo, eu vou dormir". Mas, "Poxa! O próximo capítulo deve ser bom e é curtinho, posso ler ele também". Então, "Nossa! Eu preciso terminar de ler isso agora!!!" E quando me dou conta, já passa das 03h00 da manhã.

Foi assim com "À Espera de Um Milagre", farei outra confissão: Não chorei lendo o livro. Concluí que me emociono muito mais com o filme pois vejo o sofrimento no rosto de cada personagem, no livro, quando você o está engolindo, fica difícil absorver toda a descrição e ficar emotiva a ponto de chorar, talvez, quando o ler pela segunda vez eu chore. Não sei.

Entretanto, mesmo sabendo o que aconteceria e em que ordem, não pude deixar de mais uma vez ficar pensativa com a essência da história. Alguns pontos me fizeram parar de ler e refletir por um ou dois minutos, como por exemplo: "Sorrindo para mim. Não gostando de mim. Talvez até me odiando. E por quê? Não sei. Às vezes não há um porquê. Essa é a parte assustadora." (p. 243)

Realmente, às vezes alguém não gosta de você porque simplesmente não foi com a sua cara e, eu sei que não sou só eu, todos nós já olhamos para alguém e a detestamos sabe-se Deus lá o porquê. Não há como negar isso, se você não admitir, você estará sendo hipócrita. Mas, isso significa que somos péssimas pessoas? Talvez não, se dermos a chance dessa pessoa nos mostrar o quanto estávamos errados e nos fazer ficar encabulados pela forma ridícula com que a julgamos.

Outro ponto, e esse é mais profundo, foi o seguinte: "Passou-se a primeira manhã, e a primeira tarde, depois o primeiro turno de volta ao trabalho. O tempo cuida de tudo, quer se queira ou não. O tempo cuida de tudo, o tempo carrega tudo e no fim tudo que existe é a escuridão. Às vezes encontramos outras pessoas nessa escuridão e às vezes as perdemos lá novamente. Isso é tudo que sei [...]" (p. 474)

Bom, metade eu compreendi e metade eu não entendi. O que seria a escuridão? A maldade do mundo em que vivemos ou a depressão, doença e tudo o que nos causa dor? Acredito que o significado mude de pessoa para pessoa, afinal, cada pessoa é um mundo, não é mesmo? Mas isso me perturbou um pouco, talvez um dia eu entenda e escreva algo sobre. No momento, deixo a questão no ar, um dia eu volto para analisá-la com calma.

Voltando ao livro, o que sempre me perturbou, mesmo no filme, é a mensagem de que nós sempre julgamos pela aparência. Basta parecer e ter todos os indícios de ser aquilo que queríamos que fosse, que nem nos damos ao trabalho de ir a fundo e descobrir os detalhes. É ou não é verdade? É sim.

Isso me assusta um pouco, não que eu acredite que um dia eu vá me deparar com um milagre de Deus e que eu o vá julgar como fizeram na história, mas isso me deixa desconfortável, afinal, eu tenho a mania de olhar para as pessoas e tirar conclusões precipitadas. 

O que estou tentando dizer é que esse livro mexe muito comigo, me faz parar para pensar constantemente em como o mundo é, como o mundo se relaciona, como a maldade impera  a ponto de nos cegar. No livro Paul questiona o porquê Deus, se é que ele existe, deixa essas coisas acontecerem? Como ele podia deixar o milagre Dele sofrer tudo isso. Ele mesmo responde quando pensa em John Coffey pregado em uma cruz, como se fosse Jesus. Deus tem seus meios de alertar a humanidade, de mostrar que estão caminhando cada vez mais pelo caminho errado, mas poucos entendem Seu recado. Poucos aceitam o salvador.

Ao final do livro Paul está com 104 anos e diz que essa é a sua "maldição" por ter matado o milagre de Deus. Eu concordo, não é à toa que existe aquele ditado: "Os bons morrem jovens". Ninguém merece fazer "horário extra" nesse mundo, não precisa procurar muito para ver a maldade e injustiça, por exemplo, estamos em novembro de 2012 e mais de 100 pessoas morreram por pura maldade de facções criminosas do estado de São Paulo.

Eu poderia continuar escrevendo por horas e horas, mas acho que nunca chegarei a uma determinada conclusão sobre este livro, ou conseguirei exemplificar com fatos que ocorrem no dia-a-dia, sempre vou mudar de ideia, pois aos poucos eu entendo mais o que o Stephen King quis dizer com essa história que tanto me toca. Peço desculpas a quem se deu ao trabalho de ler, sei que me empolguei, mas quis compartilhar o efeito que esta história exerce sobre mim. Acredito que não seja apenas comigo.

Pois é mais do que mergulhar na história, é viver ela, tenho tantos exemplos reais do que é ilustrado no romance que a história se torna fascinante e, ao mesmo tempo, assustadora. 
Recomendo que leiam "À Espera de Um Milagre" ao menos uma vez na vida. É sempre bom levar um "choque" de realidade, um chacoalhão que nos faça parar e pensar nos pequenos atos e pensamentos que temos todos os dias. Como também é bom lembrar que a fé (e isso se aplica a qualquer religião) lhe traz paz, sabedoria e calmaria.

Encerro com um salmo que uma amiga uma vez me enviou por sms, num dia em que o desespero tomava conta de mim: "Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida." Salmo 23.6


Concluo que essa é a deixa para acreditar e esperar sim um milagre.



sábado, 24 de novembro de 2012

Trabalho de Conclusão...


Passei um ano desenvolvendo este Trabalho de Graduação Interdisciplinar, seis meses apenas pensando. Creio que mudei o tema mais de quatro vezes.

A verdade é que eu só me empenhei a fazer esse trabalho faltando um mês para a entrega, nada melhor do que trabalhar sob pressão. Apenas o desespero me fazia ler os livros teóricos em vez de ficar lendo Game of Thrones.

No entanto, nada foi mais desesperador do que descobrir que a data da entrega não era dia 26 de novembro e sim dia 21 de novembro. Parece que não, mas cinco dias fazem a diferença em um trabalho.

Quatro noites sem dormir, diversas garrafas de coca-cola, inúmeras mensagem de desespero para as amigas e, finalmente, um trabalho concluído e enviado para a orientadora.

E a sensação de vazio chegou. Não é como todos dizem: "Quando você terminar, vai se sentir mais leve, livre!". Mentira, isso é momentâneo. A única coisa que senti foi um vazio no peito, pois esse trabalho não é apenas o último passo para o diploma, ele é o fim de uma época maravilhosa, uma época que ainda significa ter metade das responsabilidades.

Não sou grande fã de mudanças, principalmente quando se trata de deixar um ambiente ao qual estou acostumada viver, para um ambiente em que eu não tenho noção de como sobreviver.

Agora eu tenho que me jogar na vida, procurar um emprego, me sustentar, começar a pensar em crescer financeiramente pois meus pais não irão mais me sustentar, afinal, já sou uma adulta. Será? Não que estes objetivos sejam um desejo genuíno, mas é o que a sociedade espera de alguém que acabou de se formar.

Então, como desenvolvi longamente no meu TGI, o "herói aceita o chamado da jornada". Sortudo é aquele que retorna com o triunfo, a "medalha" que irá provar ao mundo que ele é capaz de ser um herói.

Mas, e se eu fracassar? E se eu não conseguir ser o que todos esperam? Será que conseguirei surpreender a todos?

Não adianta argumentar: "Mas você não tem que pensar nos outros, você tem que pensar em você.". Outra mentira. Se a sua volta existem pessoas que o querem bem e acreditam em você, no mínimo você deve se esforçar para agradá-los.

Entretanto, ainda me resta uma defesa de tese e o mês de dezembro antes de embarcar nessa jornada. Sorte? Sei lá.



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Meia-noite em Paris






Chame de obsessão ou apenas vício literário, mas tudo tem um toque de mitologia. Tudo mesmo!

Por exemplo, lendo Mito e Realidade do Mircea Eliade, cheguei a conclusão que o filme Meia-noite em Paris do Woody Allen, nada mais é do que uma clara e bela explicação da influência dos mitos em nossas vidas.

Explicarei o por quê.

Leia com atenção o seguinte trecho e me acompanhe neste devaneio:

"Ao recitar os mitos, reintegra-se àquele tempo fabuloso e a pessoa torna-se, consequentemente, 'contemporânea', de certo modo, dos eventos evocados [...] ao 'viver' os mitos, sai-se do tempo profano, cronológico, ingressando num tempo qualitativamente diferente, um tempo 'sagrado', ao mesmo tempo primordial e indefinidamente recuperável. [...] O indivíduo evoca a presença dos personagens dos mitos e torna-se contemporâneo deles."

Note que o trecho define quase toda a trajetória de Gil pelas ruas de Paris após entrar no carro mágico que o transporta para o que é, na sua concepção, a melhor época de todas, Paris de 1920. Todos os escritores ou alunos de literatura foram "treinados" para adorar e venerar escritores de épocas passadas. A maioria, se não todos, só obtiveram reconhecimento por seu trabalho após sua morte. Lembro da maneira apaixonada que o professor Camilo explicava e dissecava cada palavra dos poemas de Camões ou Fernando Pessoa.

Então, imagine meu professor voltando no tempo e conhecendo Fernando Pessoa! Ele enlouqueceria de felicidade, mas só ele! Esse é o seu momento de ouro, o seu "deus" literário (estou supondo).

Pois bem, lá estava o Gil andando aleatoriamente por Paris, quando se depara com seus escritores favoritos, como F. Scott Fitzgerald, Hemingway e por aí vai. Entre um passeio e outro ele se apaixona por Adriana, mas acaba perdendo-a para o que na concepção dela era a melhor fase da vida, a "época de ouro".

Parece-me que sempre procuramos nos basear em mitos que nos forcem a acreditar que a melhor ainda esta por vir.

Lembrando que o mito é a explicação do inexplicável, é a iniciação do novo.

[...]

Talvez seja melhor eu parar de ler sobre mitos. Estou ficando maluca.