sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Hope is a bitch!




Dizem os mitos que, antigamente, o mundo era habitado apenas por deuses, titãs e homens. Entre esses seres divinos, um se destacou por sua audácia, Prometeu. 

O mito conta que Prometeu colocou dois tipos de oferenda para Zeus, um era um boi com aparência repulsiva, porém recheado de carne, e o outro era uma ovelha linda por fora mas com apenas gordura por dentro. Enraivecido com o truque, Zeus retirou o fogo do homem. No entanto, a ousadia de Prometeu era tamanha que ele subiu ao Olimpo, roubou o fogo dos deuses e o entregou aos homens.

Zeus em sua ira ordenou que Hefesto forjasse correntes para prender Prometeu em uma rocha onde uma águia comeria seu fígado de dia e à noite o órgão se regenerava para que no dia seguinte, o sofrimento pudesse se repetir. Isso deveria durar por mais de 30.000 anos. 

Não satisfeito com o sofrimento eterno de Prometeu, Zeus castigou o homem, mandando a ele uma das criaturas (segundo os escritores antigos) mais perigosas do mundo, a mulher.

(Note como consideravam as mulheres um ser perigoso, pois muitos homens perdiam a cabeça por elas. Eles deixavam de trabalhar por eles mesmos para sustentar a mulher que tinham em casa, ou então, pereciam diante do amor e de suas belezas. Sendo assim, elas eram acusadas de transformarem o homem em um ser dependente.)

Mulher essa que a maioria conhece como Pandora. Ela possuía uma caixa que continha todos os males, doenças e sentimentos horríveis do mundo. Zeus sabia que o homem em sua curiosidade abriria essa caixa e, com isso, seria condenado a sofrer para o resto de sua vida com esses males. Dizem que quando Pandora abriu a caixa, ficou horrorizada com o que viu e fechou-a rapidamente, prendendo então um único sentimento: a esperança.

Há quem diga que foi daí que surgiu o conceito de que "a esperança é a última que morre". No entanto, fica a pergunta: Por que Zeus colocaria a esperança dentro de uma caixa com os piores males da humanidade?

Talvez os escritores antigos viam o que hoje o homem não vê. A esperança, de fato, não é um sentimento completamente benéfico. Insiste-se no ponto em que a humanidade deve ter esperança em tudo, porém isso talvez seja apenas uma ingênua ilusão.

Aprende-se a ter esperança na vida, nos sonhos, nas pessoas, nos amigos, nos políticos, no mundo. E sabe-se que o final quase sempre acaba em decepção.

Decepção por desejar com demasia algo a ponto de ficar devastado caso não a consiga, e esquecer-se de que, não basta ter esperança, tem que fazer por merecer.

Pode ser que o problema é que confunde-se o conceito de esperança.  Basta analisar a definição da palavra no dicionário:


esperança 
(esperar + -ança

s. f.
1. Disposição do espírito que induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder.
2. Expectativa.
3. Coisa que se espera.
4. Confiança.
5. [Religião]  Uma das virtudes teologais.


Se a esperança tem o poder de iludir e decepcionar, é justo que esteja entre os males da caixa de Pandora. Mas por que insistir em impô-la como algo necessário durante a vida? 


Não é desejo de alguém desacreditar no poder dos sentimentos, e sim, esclarecer que ter apenas esperança não adianta, afinal, é muito prático ficar esperando os desejos se realizarem por conta própria. 

Se não o fizer valer à pena, ninguém mais o fará.



2 comentários:

  1. Muito bom Su!

    A esperança pode até ser a última que morre, mas a dor é a primeira a aparecer quando esperamos por algo que perceptivelmente está longe de acontecer!

    Oque vale mais? Sofrer esperando algo, ou sofrer por saber que pode não acontecer e mesmo assim insistirmos!?!? É complidcado!!!

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