Como é fantástico perceber que a vida já não é mais a
mesma, e estranho achar que tudo está igual quando na verdade tudo está mudando
constantemente a cada segundo que passa.
Há algum tempo minha diversão era ficar acordada até as
03/04h00 lendo, escrevendo, assistindo TV, enfim... Adorava ficar sozinha à
noite. Mas de um tempo para cá, comecei a me sentir agoniada toda vez que perco
o sono e fico sozinha de madrugada. Constatei
que a noite é triste, solitária e misteriosa. Quando todos se deitam e só você
permanece acordado, sua mente começa a trabalhar fervorosamente, fazendo com
que você pense em tudo aquilo que tentou esquecer durante o dia. Você
acaba se deixando levar pela sua imaginação fértil e absurda, até qualquer
barulho te fazer pular da cama.
Ontem, às 02h00 da manhã, fui fechar a janela do quarto e vi
as casas com as luzes apagadas, quase escondidas pela neblina e um silêncio
inquieto na rua. Senti medo, o que me surpreendeu, uma vez que a noite era o
meu período favorito do dia.
Quando olhei aquelas casas a primeira coisa que pensei foi: “E
se eu estivesse na rua sozinha, tendo que andar nessa escuridão assustadora?” O
segundo pensamento foi: “Eu não gosto mais da noite.”
Notei que essa mudança não é de agora, há algum tempo que
venho me desapegando desse período. Talvez por morar em uma cidade violenta, ou
apenas por ter amadurecido. É curioso como até os 19 anos somos destemidos e imprudentes,
não queremos nem saber dos perigos que circulam durante a noite. Só queremos
sair e enfrentar tudo, pois queremos provar que somos corajosos e se algo acontecer,
será uma consequência barata de uma coragem sem fim. Mas como tudo na vida,
essa coragem é passageira. Esse atrevimento some quando entendemos que nós
somos responsáveis por nós mesmos, e que não somos os únicos que se importam com
os nossos humildes umbigos. Nossos pais, amigos e familiares se importam com
esses umbiguinhos que tanto expomos ao nos aventuramos pelos deliciosos mistérios
da noite.
E quando resolvemos enxergar essa realidade, os medos que reprimíamos
e engolíamos só para provar que não temíamos nada, nos pega de um jeito que
qualquer sombra nos assusta.
É assim que eu defino a minha mudança de comportamento. Percepção
da realidade.
No entanto, cada um vive sua própria realidade.
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