quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Primeira semana.

Finalmente, pisei em solo australiano!

Sydney é basicamente uma São Paulo repleta de flores e árvores, prédios pequenos, pessoas educadas, mergulhadas em um milhão de diferentes culturas. De fato, a Austrália é um Brasil que deu certo.

Logo que cheguei, fui recebida por uma grande amiga, que me levou para resolver os pepinos que a troca de países resulta, depois fomos fazer compras para que eu não morresse de fome e voltei para a casa na qual estou agora. Divido ela com mais sete pessoas, seis homens e uma mulher, três poloneses, um tcheco, dois brasileiros e uma eslovaquiana. Isso aqui é demais!!! A primeira noite foi regada à um inglês terrível, no qual eu só conseguia me apresentar, o nervosismo tomou conta de mim.

No dia seguinte consegui falar melhor e fui elogiada pelo pessoal que disseram que meu inglês era ótimo.Confesso que ainda não conheci muitos pontos turísticos, apenas a Darling Harbour. É engraçado, porque eu sempre assisti a um programa chamado "O Mundo Segundo os Brasileiros", quando assisti o capítulo sobre Sydney eu vi uma menina mostrando Darling Harbour e pensei "um dia eu sentarei nesses degraus e ficarei vendo o pôr-do-sol", a mente tem um poder incrível! No entanto, caso alguém venha me visitar, saberei mostrar todos os supermercados da região rs

Quando fico sozinha, ando pelo bairro para memorizar as coisas que tem por perto e acabo sempre indo ao mercado e comprando uma coisa ou outra. Gosto de andar por aqui, porque a sensação de segurança é grande e posso ver o céu, uma caminhada de vinte minutos me leva a um parque muito gostoso, sempre vou lá e fico sentada vendo as pessoas se exercitarem ou apenas caminharem pelo gramado. Acho que estou apaixonada por esta cidade.

Tenho feito muitos amigos, a constante saída e chegada de novas pessoas possibilitam esse conhecimento e é tão gostoso ter contato com culturas diferentes (e um pouco assustador também) que eu desde que cheguei só penso em renovar meu visto por tempo indeterminado.

Anyway, a melhor coisa que fiz este ano, com absoluta certeza, foi ter saído do Brasil e me afastado de pessoas que, na verdade, nunca acrescentaram nada em minha vida. Se eu tivesse a leve noção de que ao mudar para outro país eu conheceria pessoas completamente diferentes das que eu estava acostumada a viver, eu teria mudado há anos! O choque cultural é bizarro, mas é o que eu mais amo.

Cheers!




"Deus é bom sempre! Sempre Deus é bom!"

Quando algo que você quer muito não sai da forma que você gostaria, nenhum conselho lhe trará conforto, pois a decepção gera raiva e rancor. Há poucos dias isso aconteceu comigo, meu voo foi adiado por conta de um imprevisto e eu fiquei desesperada e irritada, queria matar cada uma das vinte pessoas que repetiram (de maneiras diferentes) a frase "Se não deu certo agora, é porque Deus sabe a hora certa para você viajar". Só não voei no pescoço de ninguém porque fui madura o suficiente para me trancar no quarto como uma criança rabugenta e dormir até que o ódio passasse.

Vou explicar o porquê esse atraso me irritou. Nunca viajei para fora do Brasil, mas de uma hora para outra eu decidi ser atrevida e mudar para a Austrália, o voo entre os dois países possui diversas escalas e um total de vinte e cinco horas de voo. No dia inicialmente determinado para eu viajar tinha inúmeras vantagens: passagem comprada, horário ótimo, e pessoas que eu conheci pela internet que iriam comigo, ou seja, se desse alguma merda, sozinha eu não estaria. Você, que está lendo, já sabe que não aproveitei nada disso! Paguei para adiar a passagem e soube imediatamente que viria sozinha.

Pois bem, raivas à parte, vim determinada a embarcar logo para o outro lado do mundo, cheguei cedo ao aeroporto e tive a sorte de ser atendida por uma moça simpática, que me colocou na poltrona da janela nos próximos dois voos (inicialmente eu estava nas poltronas do corredor). Ao entrar no avião (e-nor-me!) não senti medo ou frio na barriga, e eu estava esperando por isso! Mas não senti nada. O passageiro ao meu lado era normal, um homem com rosto cansado mas tranquilo sentou e me cumprimentou; não me pergunte como, mas em dez minutos estávamos entretidos em uma conversa sobre religião e fé, assim continuamos por quase duas horas, quando ele pediu licença para cochilar (ele foi educado o suficiente para aguentar a minha tagarelice por horas). Eu me acomodei (de forma muito bizarra na poltrona minúscula) e assisti "O Diabo Veste Prada" pela milésima vez, quando o filme terminou, notei que o avião inteiro estava às escuras enquanto todos ao meu redor dormiam. As instruções dadas pela aeromoça eram basicamente "Acomodem-se, fechem as persianas e durmam", mas eu não estava com um pingo de sono! Desliguei a TV e abri a persiana de novo et voi là! Um céu forrado de estrelas, como aquela tirinha em que o Calvin e o Haroldo contemplam o céu e filosofam sobre o sentido da vida. Olhei para as turbinas do avião ao lado da minha janela e tentei identificar o que era aquela coisa branca embaixo de nós; sim, pode rir, mas era muito difícil não confundir as nuvens com as espumas do mar, simplesmente não sabia diferenciar céu, terra e mar, só contemplei e rezei, agradeci e sorri. Minha vida é boa, é perfeita e eu não tenho motivos para me trancar no quarto escuro e permitir que o ódio corroa meu coração. Tentei dormir, mas não adiantou nada, então coloquei e assisti um pedaço de "Harry Potter e a Pedra Filosofal", acabei dormindo o que pensei ter sido dez minutos, até ouvir a voz do comandante dando bom dia, pedindo para que abríssemos as persianas para ver o nascer do sol. Foi IN-CRÍ-VEL!

Tomei café da manhã e voltei a conversar com o rapaz do meu lado, mas dessa vez, eu estava pedindo dicas de como me virar no aeroporto, o que fazer, para onde seguir. Comentei que algumas pessoas que haviam embarcado no meu voo inicial haviam dito que no aeroporto de Johannesburg havia um lugar no qual você poderia comer, beber, dormir e tomar banho por três horas, com o pequeno preço de trinta e cinco dólares, e ele, perdoe-me, não o apresentei, Paulo, precisava correr para pegar o segundo voo, mas disse que eu poderia ir com ele até o lounge VIP que ele me colocava como acompanhante sem precisar pagar nada, e com um plus, sem hora limitada para ficar. Pode não ser por este motivo específico que Deus atrasou o meu voo, mas com certeza isso foi bem melhor do que eu esperava, pois eu ficaria mais de dezessete horas sozinha, em um banco qualquer, esperando a hora de finalmente ir para a Austrália.

Volto a repetir a frase que aprendi há apenas três dias: "Deus é bom sempre! Sempre Deus é bom!", e de fato, você está onde Deus quer que você esteja neste momento, o motivo não é claro, mas uma hora você vai entender.

Neste exato momento, segundo o horário do meu computador, no Brasil são 05h44 a.m. e aqui na África do Sul, são 10h44 a.m. Ficarei aqui até às 20h45 quando embarco para o meu segundo destino, Perth, na Austrália. Tentarei aproveitar este espaço VIP e agradecer mais um pouco a Deus por ter colocado este anjo no meu caminho e, principalmente, por Ele ser meu pai e nunca me deixar na mão. Ele é misericordioso, é bom demais, e ama demais. Espero retribuir na mesma medida, ou pelo menos, de maneira satisfatória para Ele.

See u soon =*







P.s.: Escrevi esse texto no aeroporto e esqueci de postar, reli e vi que está confuso, mas era assim que eu me sentia naquele momento, então acho digno manter dessa maneira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

So, let's try... Once again!

Esses dias de "descanso" me deram muito tempo para pensar, não que eu não tivesse tempo para isso nas intermináveis horas monitorando os candidatos enquanto eles faziam prova nos últimos três meses, mas é diferente quando estamos sozinhos em um quarto parecendo um bebê que acabou de descobri que tem mãos e, vejam só, cinco dedos em cada mão! Sozinhos descobrimos muito sobre nós mesmos, é também o momento em que percebemos que somos seres defeituosos e sozinhos.

Eu entendi que tenho vivido muito rápido coisas que eu deveria ter vivido há anos atrás, mas devido ao tiro que um dia atravessou meu destino, não pude vivê-los. Comecemos pelos meus últimos relacionamentos. 

O primeiro durou quase dois anos, mas em nenhum momento eu o amei realmente, no final, descobri que eu entrei nessa para poder mudar meu status no facebook e poder reclamar com as meninas na cantina da faculdade sobre como ele fazia coisas que me irritavam, se elas podiam me dar uma dica de como super e tudo mais. Na real, eu fiquei dois anos da minha vida com uma pessoa por medo de dizer "Basta!" e ter que recomeçar tudo de novo com outra pessoa. Isso não soa meio familiar?

O segundo foi bem intenso, durou pouquinho, veio com força me tirando o chão e me deixando maluca em apenas segundos. Mas foi embora da mesma maneira que veio. Não sei se cheguei a ter o mesmo efeito na vida dele, ou se deixei algum rastro e talvez eu nunca saiba se consegui chegar perto de seu coração. Agradeço por tudo, realmente, as coisas não são como queremos e talvez exista um bom motivo para isso. Se você ler o meu blog, saiba que você foi o estopim para o que está prestes a acontecer na minha vida, acho que tudo o que aconteceu conosco me deu forças para pular de cabeça nessa e descobrir o que há de novo lá fora, o que o destino reserva para mim. Afinal, não conhecemos ninguém por acaso, o destino sempre interfere, não é? 

Mudemos de tópico, vamos para trabalho (o que é quase um relacionamento, mas com muuuuito mais gente envolvida...!).


O primeiro durou um ano e quatro meses, foi duro, terrível em alguns momentos, lidar com pessoas é relativamente fácil quando comparamos a ter que lidar com o ego delas! Viram literalmente monstros. Só que percebi, em meio a essa selva, pessoas muito boas e que realmente querem o nosso bem, mesmo quando você é como eu, que não consegue guardar as coisas para si e adora colocar tudo em debate. Aprendi que é neste exato momento que você descobre quem realmente vale a pena manter ao seu lado.


O segundo durou tão pouco quanto o segundo relacionamento, mas foi tranquilo, benéfico e inspirador. Doeu muito dizer adeus e confesso ter saído daquele prédio com uma imensa vontade de dar meio volta, sentar no sofazinho da recepção e espernear caso alguém quisesse me tirar de lá. Tive a sorte de conhecer pessoas maravilhosas que me ensinaram coisas que eu nem imaginava que poderia aprender naquele ambiente. Descobri também que nunca sabemos a história das pessoas, mesmo que elas pareçam tenentes de um exército no Iraque, vale muito à pena pagar um café para ela e bater um papo. Como podemos nos surpreender...

Percebe? As coisas começam de um jeito, de repente, pisco os olhos e tudo mudou, está mais intenso, melhor até e, de novo, tudo acabou e preciso começar rápido e ... só me resta o vazio da lembrança. Tenho a sensação de estar no mar e ser "engolida" por uma onda forte, daquelas que empurram para baixo e eu demoro três segundos para descobrir para que lado nadar e conseguir respirar. Quando finalmente consigo preencher meus pulmões com ar puro, vem outra onda e me arrasta de novo para baixo, me fazendo rodopiar no meio do nada apenas para me confundir e me obrigar a tomar decisões rápidas, coisa de vida ou morte, um segundo de dúvida pode me manter lá embaixo para sempre.

Então eu disse à alguém sobre tudo isso e perguntei: "Você vê esse precipício pelo qual passamos todos os dias e fingimos não notar? Você também escuta o eco das vozes quando apaga a luz antes de dormir? Não te arrepia pensar que talvez eles estejam certos? [...] Sabe, acho que um dia eu vou pular lá embaixo para descobrir". E esse alguém simplesmente me empurrou precipício abaixo.





Cá estou, ouvindo "Medicine" sem chorar (acreditem!) e pensando em quanto tempo falta até esse último loopin acabar. Me sinto perdida, porque simplesmente não sei se devo me sentir arrasada por estar desistindo de absolutamente TUDO o que construi aqui ou se devo me sentir orgulhosa por estar dando um passo grande, aceitando todos os ensinamentos que me fizeram amadurecer de uma maneira que eu não esperava até ter, no mínimo, trinta anos.

Lembro que a minha adorada Magistra me disse logo após a apresentação de TCC que sentia muito orgulho de mim, que eu era uma heroína, mas ah, quem me dera saber o que ela acha dessa minha loucura! Será que eu estaria apta a dividir o mesmo campo de batalha que Ulisses?

Outro mestre que sempre me deixou de queixo caído certo dia disse que a literatura ensinava os truques da vida, e hoje eu discordo. Acho que ela não ensina nada, só mostra as armadilhas, temos que descobrir como passar por elas sozinhos, à nossa maneira. E definitivamente não dá para superar rapidamente um amor fracassado, mesmo porque não caí outro cinco minutos depois de uma árvore, como costuma acontecer nos romances (e isso é um saco, acho que nesse ponto a vida podia literalmente copiar a arte).


Um dos meus escritores favoritos disse: "There are far better things ahead than any we leave behind" - C.S. Lewis


E meu amado Joseph Campbell completa: "You must give up the life you planned in order to have the life that is waiting for you".

Dito isso, eu oficialmente desisto.


Não quero mais entender nada, não vou deixar de sonhar, mas desisto de tentar conquistar aquilo que não é para mim, pelo menos, não hoje, não agora. Ah, sim, eu sei que um dia realizarei todos os meus devaneios e descobrirei os porquês que me assombram toda santa noite, sei que àqueles que desejam algo de coração, sem a intenção de prejudicar ninguém, sempre conseguem. Os sonhadores não tem muito espaço nesse mundo, mas vai dar tudo certo.

Às vezes penso que essa sensação de impotência, de não saber exatamente o que sentir e como agir, é a mesma sensação que uma borboleta tem antes de finalmente sair do casulo e voar livremente por aí.

Ou estou apenas delirando? Como saber...?



segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sentidos

Eis que confesso ser um tanto quanto vaidosa no quesito cosméticos. Tento ao máximo não relaxar com esses detalhes, por isso sempre acabo escolhendo um creme ou um perfume específico para cada ocasião.

De fato, o frio machuca e resseca a pele, principalmente a de uma pessoa que como eu adora tomar banho com a água fervendo; isso exige o dobro de creme para que o prazer da água quente não me transforme numa velha enrugada antes do tempo. Hoje escolhi um que utilizei raras vezes, o conservei o máximo que pude, pois desejei que cada vez que eu o derramasse sobre minha pele as consequências fossem incríveis e inesquecíveis, que realmente valessem à pena.


Em questão de um segundo, o aroma que exalava enquanto o creme caia do potinho até minha pele, me veio à cabeça lembranças de dias muito felizes, o som de uma voz grave me chamando ao longe, o cômodo fechado e seguro no qual eu me encontrava todas as vezes em que eu passava este mesmo produto, aposto que se eu fechasse os olhos conseguiria descrever detalhes e mais detalhes de cada dia em que essa essência me acompanhou. Na verdade, eu apenas lembraria e reviveria tais momentos, não me considero capaz de descrever o que esse perfume significa para mim, o que ele realmente me mostra e me faz reviver. São sentimentos extremamente pessoais e que não fariam sentido caso fossem proferidos.

E digo mais, tenho absoluta certeza de que daqui há alguns anos, este cheiro ainda me trará as mesmas emoções e lembranças com a mesma intensidade com as quais foram vividas.


Engraçado como memorizamos coisas tão pequenas mas que podem balançar sua alma caso você se permita relembrar tais momentos com a mesma ferocidade que a saudade esmaga seu peito.


Às vezes viver a vida sem sentido é menos dolorido do que seguir um rumo fixo.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Miss u grandpa!


Há muitas coisas diferentes acontecendo em minha vida, uma delas é a nova rotina de transporte público que, com muito custo, estou tentando aprender. Ainda preciso da ajuda dos cobradores irritados com a população para saber exatamente em qual ponto descer, e hoje eu peguei o ônibus errado... fui parar muito longe do metrô, a sorte é que por conta de algumas desventuras recentes eu sabia exatamente onde estava e pude correr para o ponto mais próximo que me colocaria de volta à rota de fuga.


Demorei o dobro do que demoraria normalmente para chegar na última etapa dos transportes, que carinhosamente eu chamo de "Cérbero Paulista", o ônibus da linha verde!

Caia uma chuvinha tão fina que poderia ser confundida com o sereno da madrugada, havia três filas de pessoas esperando às próximas peruas, como a terceira era a menor, me acomodei nela e fiquei observando as pessoas nas duas primeiras fileiras. Sim, tenho esse péssimo hábito de analisar as pessoas, mas veja, eu observo seus gestos e expressões, não suas roupas ou cabelos. Quando a primeira fila se foi, demos aquele passinho básico para o lado e assumimos a fileira dois, enquanto a segunda tomou o lugar da primeira.

Observando as pessoas adentrando no veículo, vi que no final da fila estava um senhor com idade suficiente para entrar na frente de qualquer pessoa, mas lá estava ele, aguardando pacientemente sua vez. Fiquei observando seu rosto, gordinho, cheio de marcas do tempo mas com uma inocência quase infantil nos olhos e a boca entreaberta, ele prestava atenção em tudo enquanto dava pequenos passos em direção à porta, como se não quisesse fazer nenhum movimento errado. Ele era menor que eu, gordinho (eu já disse isso?), se apoiava em um guardachuva grande e preto.

Eu o observei com muita admiração, porque às vezes isso acontece, você se encanta por alguém que nunca mais irá ver e nem sequer trocará uma única palavra, mas ela te conquista mesmo assim.

Vi que sobrou lugar na van e rapidamente abandonei a fila e subi, me sentei em frente ao velhinho que me encantou e fez meu coração doer tanto em uma questão de dois minutos como não doía há anos, pois senti uma falta imensa dos meus vovôs, principalmente o meu "jûdo", que não passava uma tarde sem vir à minha casa tomar café e ouvir uma ou duas músicas árabes, sem contar todas as vezes que ele me convidava para discutir o que acontecera no último capítulo de "Maria do Bairro", sim, ele era viciado em novelas mexicanas.

De qualquer forma, me sentei à sua frente, sem olhá-lo, e fiquei lembrando de coisas passadas, me ocorreu em como eles ficam frágeis e dependentes no final da vida, que isso acontecerá comigo e com você, que está se dando ao trabalho de ler este texto. Senti uma vontade imensa de abraçar aquele homem, pois não importava o que ele havia feito no passado, não queria saber se ele era ou não um bom homem, naquele momento ele era um senhor de idade fofo demais para não ser admirado. Quando chegou no seu ponto, ele deu sinal e desceu os degraus com uma rapidez duvidável para alguém com tantos cabelos brancos, ao pisar na calçada ele se virou e, por um segundo, achei que ele bateria continência para o motorista, mas levantou o polegar esquerdo e murmurou um "obrigado", depois seguiu seu caminho.


Não pude deixar de sorrir com aquilo, foi a coisa mais simples que uma pessoa podia fazer para agradecer, mas ao mesmo tempo foi tão respeitoso e sincero, que se ele tivesse dado flores ao motorista não teriam tanto valor quanto este pequeno gesto. Continuei sorrindo por mais alguns minutos e agradeci a mim mesma por ter, dessa vez, lembrado de que eu possuo um celular com câmera e que eu não perderia novamente a chance de fotografar àqueles que me fazem repensar em como eu levo a minha vida e o que carrego de realmente valioso comigo¹.

Obrigada, senhor fofura. Espero que nunca fique bravo comigo por este apelido carinhoso, mas você, sem a menor intenção, me trouxe tantas lembras boas que eu só queria te abraçar e dizer: "Boa noite, vovô".



¹ Vide "Herói de Mármore", perdido em alguma página deste mesmo blog.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

I'll know my name as it's called again ♫

Às vezes é inevitável nos compararmos com outras pessoas e isso gera algumas questões um tanto quanto difíceis de serem respondidas.

Ontem à noite eu estava conversando com um caro amigo, estávamos contando nossas últimas desilusões e rindo da desgraça um do outro, então ele me contou como supera os desastres da vida. Eu discordei da sua maneira de superação e contei a minha; para ele pareceu que eu apenas sobrevivo nesse mundo e isso o fez discursar sobre como a vida é curta, que o melhor é viver sempre no limite e começou a explicar como a vida é parecida com os esportes radicais e etc. Obviamente fiquei contrariada, disse o que eu considero realmente importante e lá se foram quase duas horas de um debate emocionante sobre nossas perspectivas de vida e ações que consideramos as melhores e mais úteis. 


Foi algo bem produtivo e interessante, mas no final, nenhum dos dois mudou de ideia. Nos despedimos e fomos dormir.



Fiquei pensando sobre tudo e finalmente eu entendi que é essa expectativa de vida que cada um tem que torna essencialmente cada ser humano único e inigualável. Não podemos mudar ninguém e nem deveríamos um dia querer tal coisa, inclusive de nós mesmo, foi então que aceitei as minhas escolhas. Confesso, não sem um pouco de constrangimento, que sempre me comparei com outras pessoas, me perguntava com frequência o porque eu não podia ser igual às mulheres da minha idade, por que eu nunca me interessei pelos mesmo assuntos e se isso influenciava nos meus amores fracassados.


Pode ser que influenciem, afinal, as pessoas costumam generalizar tudo e a todos, por que não generalizar a banalidade da mulher atual? Mas, a partir do momento em que o cara pára um minuto para analisar a mulher ao seu lado, ele precisa ver suas qualidades e defeitos, se o que há de melhor nela se sobrepõe ao pior e assim por diante. Então, não, Suade, suas escolhas não influenciaram os fracassos amorosos. Os fracassos ocorreram porque os homens não estavam prontos para algo diferente, ou, simplesmente eu não era aquilo que eles esperavam, fazer o quê?


Minhas escolhas só influenciam meu próprio futuro e é assim que eu quero que seja. Não vou mais pensar em mudar por ninguém, não quero mais tentar melhorar para que um dia alguém me veja como uma pessoa especial. Vou permanecer com os meus sonhos, meus modos, minhas convicções e vou ser feliz assim.


Para mim há coisas mais importante do que conhecer o mundo, ficar com mais de dez homens em uma festa, ser bonita o suficiente para que todos os homens que passarem por mim virem o pescoço para me admirar, ou ter todas as roupas da marca mais cara do mundo apenas por status.

Não!

Vou continuar com o meu all star vermelho furado e imundo, ele já tem o formato certinho do meu pé e só Deus sabe o quão difícil é modelar um all star! Continuarei desejando um amor que me enlouqueça, porque sim, eu sou do tipo de mulher que acredita no amor impossível, grudento, arrebatador, amigo e avassalador. Quero conhecer o mundo, mas não sozinha... Vou levar esse amor comigo para onde meu destino me guiar. Vou permanecer com os meus livros nas noites frias ao invés de encontrar qualquer corpo quente para me esquentar, eu não sou uma qualquer, não mereço qualquer um. Eu mereço um príncipe (no mínimo)! 

E é assim que eu finalmente me aceito, da maneira imperfeita e esquisita que sou, com os sonhos que meu coração suplica todos os dias, com a minha beleza incomum e meu corpo todo trabalhado no chocolate (algo que simplesmente jamais abrirei mão).

Benvinda ao mundo novamente, Suade! Dessa vez eu vim para conquistar e não mais tentar.

Seja o que Deus quiser.

MAKTUB!




Cause I need freedom now, and I need to know how,
To live my life as it's meant to be.
And I will hold on hope,
And I will let you choke,
On the noose around your neck,
And I find strength in pain,
And I will change my ways,
I'll know my name as its called again.
 ♫