quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Gestos, cheiros e suposições.

Um mecânico de aparência rústica, barba grisalha, boné e jaleco cheios de graxa andava calmamente com um embrulho rosa nos braços; em seu rosto havia uma expressão serena, como se nada no mundo fosse importante além daquele bebê em seu colo. Me atentei ao seu rosto e presumi que aquela serenidade era puro amor, no qual ele se refugiava de seus dias carregados de sujeira e trabalho pesado.
Observei aquele homem de aparência tão rude, com gestos tão delicados e carinhosos, descer dois degraus da calçada com o maior cuidado possível e entregou a criança à uma jovem que o aguardava do outro lado da calçada.



Fazia 32º às 19:30hs da noite, parada junto à multidão na plataforma do metrô, enquanto o trem se aproximava observei um rapaz fechar os olhos e se deliciar com o vento que o trem em alta velocidade trazia pelo túnel.

Uma garota com rosto sério vestia uma camiseta preta com os dizeres em dourado: “I <3 Super Junior”, imediatamente eu a imaginei em sua casa, em frente ao computador esperneando ao ver aqueles coreanos estilosos, porém estranhos, em mais um novo clipe.

Apesar do calor, o céu já estava nublado e uma brisa morna começava a se manifestar. Em meio ao cheiro de gasolina, lixo, entre outros odores da metrópole, a brisa trouxe um cheirinho de água misturada com terra e algum perfume barato,  que me trouxe uma lembrança de uma cidade praiana cujas ruas não são asfaltadas. Uma memória velha que só deixou o cheiro em minha mente.

3 comentários:

  1. Uau!

    Vi quatro quadro expressionistas aí!

    Senti o carinho do homem, o vento do metrô e todos os cheiros que descreveu.

    Adorei, Su! Simples e por isso, exatos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também consegui sentir o vento do metrô e o cheio de ambiente praiano.

      Amei a abordagem.

      Excluir
  2. Gosto como você usa o cotidiano. Lindo mesmo e, como disse a Mel, simples. Super imagético. =D

    ResponderExcluir